quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), suicídios superam o número de vítimas da Aids pelo mundo. No Brasil, é registrado um caso a cada 45 minutos.


Indíce de suicídio registrados no Brasil. Infográfico por Livia Alves

Por: Livia Alves


Durante o mês do setembro, o tema “saúde mental” torna-se prioridade. Neste período, diversas instituições, inclusive as de ensino, trabalham para incentivar o público na busca por ajuda profissional, como auxílio na luta contra a depressão e outros transtornos psicológicos. Este período ficou conhecido como “Setembro Amarelo”.   

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Em 2013, o Brasil se encontrava em oitavo lugar dentre os países com maior número de casos. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de mortes entre jovens com idade de 15 a 29 anos, perdendo apenas para acidentes de trânsito.

De acordo com o site Comunica Que Muda (CQM), a cada 40 segundos, um suicídio acontece no mundo, e para cada caso, pelo menos 20 tentativas. Já no Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida por dia. Segundo o Mapa de Violência, entre 2002 e 2012, o total de suicídios passou de 7.726 para 10.321, um aumento de 33,6%. Em 2016 (último ano do qual havia dados disponíveis) só no Brasil, foram registradas mais de 13 mil mortes decorrentes de suicídio.  

Como forma de combater o aumento de casos, diversas instituições trazem oficinas e palestras durante o mês de setembro como forma de incentivar a busca por lidar com suas questões psicológicas de forma saudável. Entre essas instituições, a Universidade Santo Amaro (UNISA) disponibilizará palestras online sobre temas voltados para saúde mental na vida universitária, durante todo o mês.

De acordo com a coordenadora de extensão da UNISA, Lis Laikeis Bertan, a universidade tem um papel crucial na disseminação da informação, e fala como esses eventos podem ajudar os alunos. “Ajudam com a orientação e informação para que os jovens e adultos possam se conscientizar dos perigos da ansiedade, da depressão e do suicídio. É importante que as pessoas entendam que é uma doença e que existem tratamento”, afirma Lis.

Segundo a psicóloga Letícia de Carvalho Guimarães, o setembro amarelo não é o protagonista da prevenção à depressão aos jovens, mas um movimento de conscientização “É uma mobilização plural que ajuda a família, a escola e a sociedade em como devemos valorizar conceitos esquecidos como empatia, a escuta e a atenção para os indivíduos, que estão passando pela depressão, e os que necessitam de gatilhos positivos pela preservação da vida”, afirma a psicóloga, que complementa falando sobre o que poderia ajudar nessa luta: “seria na conscientização dos jovens que estão passando pela depressão para entenderem que não estão sozinhos”.

A estudante Gabriela Cleim conta como a orientação de sua professora a ajudou e incentivou a buscar apoio psicológico quando tinha 17 anos de idade, época em que não conseguia sentir motivação para viver. “Passei por experiências novas e percebi que eu estava bastante mal. Eu pensava que era mais fácil eu não existir, que ninguém gostava de mim, que ninguém iria se importar se eu deixasse de existir. Eu só queira ficar dormindo, eu não tinha nenhuma perspectiva boa sobre minha vida. Ter criado coragem para aceitar que eu tinha um problema e precisava de ajuda foi o início de tudo, me ajudou demais”, afirma Cleim. E completa: “continuo a me descobrir e a me desenvolver e isso tudo foi graças a uma professora que eu tive, ela foi a pessoa que me ajudou e me incentivou a evoluir em todos os sentidos”.

O estudante de direito Otávio Otto dos Santos conta que seu primeiro contato com psicólogos foi no primário, aos 8 anos de idade. As consultas duraram por cerca de um ano, e depois aos 18 anos voltou a se consultar por conta própria. Otto observa que existe uma falta de atenção por parte das instituições de ensino, quando se trata da saúde mental dos alunos, “Nesse intervalo (entre os 8 e 18 anos), não houve intervenção da escola. A impressão que tenho é que vão parando de dar importância a esse tipo de problema conforme você cresce”, afirma o estudante.

Atualmente, Otto se consulta periodicamente, o que o ajudou a lidar com um acidente que o deixou paraplégico aos 29 anos. “Você tem que resinificar sua vida inteira, tem pessoas que lidam com isso bem, mas não é todo mundo que consegue fazer isso (...), passam a te olhar diferente. Estou em processo de recuperação há 3 anos, e eu já pensei em acabar com tudo várias vezes. É um processo, não é uma coisa instantânea que você vai falar uma vez (com o psicólogo) e vai resolver seus problemas, é algo trabalhoso. E comigo foi importante porque me faz repensar a minha condição, me ajuda a encontrar soluções, a lidar com a dor, com a perda e principalmente com a raiva, porque você fica muito revoltado, muito infeliz com a situação”, afirma.

Apesar do incentivo, saúde mental ainda é considerado um tabu dentro da sociedade, visto por muitos como desnecessário. Segundo pesquisa da Secretaria de Saúde do governo do Estado do Paraná, a maioria das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental”, pensa em “Doença Mental”, o que causa um estranhamento quanto à busca por apoio psicológico, e muitas vezes, as pessoas que sofrem com o transtorno não sabem que precisam de ajuda.

A psicóloga Letícia de Carvalho fala sobre os sintomas da depressão. “Quando o indivíduo oferece sinais como: isolamento, tristeza prolongada, apatia, falta de apetite, queixas como “quero ir embora desse mundo, não sirvo para nada, não sou aceito”, dentre outros aspectos de mudança de comportamento”, afirma a psicóloga. Letícia também comenta que transtornos psicológicos nem sempre são visíveis para outras pessoas. “Muitos indivíduos, que têm depressão, vivem em um lugar comum na sociedade, saem, namoram, vão para festas, mas quando há um pico depressivo, é onde o perigo está. E muitos gatilhos negativos como traumas, bullyings e maus tratos podem levar a tentativa do suicídio”, diz.

Existem diversas instituições que se colocam em apoio a luta contra a depressão. Instituições de saúde como o Sistema Único de Saúde (SUS). Oferecem apoio psicológico gratuito. Em caso de emergência, o telefone 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento profissional 24h por dia, podendo ser acessado também pela internet.  


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2 comentários:

  1. Realmente falta um pouco ainda pra chegarmos a verdadeira importância e entendimento da gravidade do assunto . Mas, é assim com informação e pessoas dedicadas a escrever uma matéria como essa que vamos chegar lá. Meus parabéns pela matéria , adorei !

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  2. Caramba! Quase 900 mil mortes por ano, pensar ainda que tem gente que pensa que isso é só algo que as pessoas fazem para chamar atenção, o que acaba piorando o estado de depressão de muita gente!

    Obrigado pela matéria livia achei muito bem escrita

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