sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Desemprego cresce 27,6 % nos últimos 4 meses


Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, o mês de agosto teve cerca de 3 milhões de desempregados a mais que o início de maio deste ano.


Por: Livia Alves

Pesquisa divulgada no dia 23 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que, como consequência da pandemia, o mês de agosto terminou com 12,9 milhões de desempregados, quase 3 milhões a mais do que fora registrado no início do mês de maio.

Entre as regiões mais afetadas pelo desemprego, as maiores taxas foram observadas no Nordeste com 15,7%, Norte com 14,2% e no Sudeste 14,0%. As regiões que tiveram taxas inferiores foram Centro-Oeste com 12,2% e Sul com 10,0%. Segundo IBGE, a Região Sul foi a única a apresentar queda da população desempregada.  


Com a flexibilização, a busca por empregos formais e informais voltaram a crescer. De acordo com a pesquisa, agosto encerrou com 27,9 milhões trabalhadores informais. Os dados apontam que apesar do aumento, esses profissionais buscam por empregos formais e com carteira assinada.

A estudante Gabriela Dellamora Paim, que trabalha como tradutora e ilustradora freelancer, afirma ter receios pela falta de segurança da informalidade. “O trabalho informal nos faz perder benefícios importantes, desburocratiza os processos da empresa que nos contrata e coloca vários direitos (trabalhistas) do empregado em risco”, afirma.

Dellamora também comenta como o isolamento social afetou seus negócios, “As empresas deixaram de procurar pessoas do meu ramo por um tempo (no início do isolamento social), mas agora as coisas estão voltando. Ainda sim, querem pagar menos por mais por causa da crise”, diz.

A Ilustradora Gabriela Paim comenta a falta de oportunidades no mercado para pessoas sem especialização, mesmo com experiência. “Não ter currículo com faculdade tem sido uma pedra no caminho. Eu tenho um ótimo currículo como tradutora, só não tenho faculdade. Ainda assim preferem alguém que tenha especialização”, afirma.

A pesquisa aponta que mulheres de cor preta ou parda e jovens entre 14 a 29 anos tiveram um percentual maior de desemprego do que homens e pessoas brancas. Profissionais com nível superior completo ou pós graduados tiveram menores taxas.

Freelance como assistente de loja e garçonete, Deise Godoi aponta que existe preconceito entre os empregadores, e que falta oportunidade para novos trabalhadores. “É bem escasso de oportunidade. Tive problemas com relação ao “padrão”, tenho uma tatuagem chamativa, cabelo curto, sem falar que diversas empresas têm receio de contratar jovens. Acham que jovens não tem uma responsabilidade tão grande”, explica.

Deise também aponta as dificuldades de ter um trabalho que não é formalizado, “No trabalho informal, as vezes eu consigo ganhar mais, mas não é garantido todos os dias porque é muito dispensável o freelancer, é muito substituível. Dependendo do movimento eles param de contratar, sem falar que não tem fundo de garantia, PIS, décimo terceiro, a gente não tem nada disso. Tem trabalho que não tem flexibilidade de horário, eles fazem a gente cobrir um turno, dois”, afirma Godoi.  

O doutor em economia, especialista em finanças públicas e professor da Universidade Santo Amaro (UNISA), André Martins de Almeida, observa que sobretudo os jovens, inclusive os universitários, sempre estiveram entre os mais afetados pelo índice de empregabilidade. “Segundo informações do IBGE-PNAD, em 2019, o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos já era mais do que o dobro do resto da população brasileira. Isto é, a taxa de desemprego entre os jovens estava em 26,6% enquanto da população em geral estava em 12,4%. Agora, durante a pandemia, em nível mundial, com certeza a queda econômica desempregou muito os jovens”, detalha o professor.

O docente da Unisa aponta dados referente aos jovens que, mesmo empregados, também foram afetados pela pandemia, “O diretor do departamento de política de emprego da importante Organização Internacional do Trabalho (OIT), Sangheon Lee disse que “(...) a pandemia da Covid-19 tem um impacto sistêmico, profundo e desproporcional sobre os jovens”. Para Sangheon Lee, mesmo aqueles jovens que permaneceram empregados após o início da pandemia viram as suas rendas caírem por conta da redução das horas de trabalho”, diz.

O especialista comenta que não existe fórmula mágica para resolver esta situação, mas que existem alternativas para que o índice de desemprego diminua. “Mais do que criar programas o governo federal deve estabilizar a economia, isto é, entre outros fatores controlar a inflação, o déficit público e estimular o PIB. Neste ambiente de pandemia, por exemplo, o governo federal poderia estimular o PIB do país por meio de políticas fiscais expansionistas, principalmente atuando na redução da carga tributária do país”, conta.

 


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