Devido ao cenário
pandêmico, mulheres deixaram de realizar exames preventivos para não recorrer às
unidades de saúde, o que não é indicado pelos especialistas
Monique Soares,
Todos os anos a
campanha Outubro Rosa tem por objetivo reforçar a importância do autoexame e da
prevenção contra o câncer de mama. No entanto, um fator tem chamado à atenção: a
diminuição do diagnóstico da doença. Segundo um levantamento feito pela
Fundação do Câncer, com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), houve
uma queda de 84% nas mamografias realizadas no Brasil durante a pandemia da
Covid-19.
O número de mamografias
feitas até julho de 2020 foi de 1,1 milhão, enquanto nos mesmos períodos de
2018 e 2019 foram 2,1 milhões. De acordo com a pesquisa elaborada pelo IBOPE
Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, cerca de 62% das mulheres
deixaram de ir ao ginecologista ou ao mastologista devido ao atual cenário
mundial. Entre as que têm 60 anos ou mais e que fazem parte do grupo de risco,
a porcentagem é ainda maior: 73% disseram estar à espera do fim da pandemia para
retomar as consultas médicas e fazer exames de rotina.
Apesar do contexto
pandêmico, especialistas da área orientam que a rotina de prevenção deve ser mantida
pelas pacientes. Segundo a médica oncologista e coordenadora da oncologia mamária e torácica do Hospital São Camilo e Instituto Emunah, Bruna Zucchetti, seguir com os
exames contribuem para o diagnóstico precoce do câncer de mama, o que também
pode favorecer no tratamento da doença. “Se a gente conseguir diagnosticar mais
precocemente, nós conseguimos fazer uma cirurgia menor, sem a necessidade de
fazer uma mastectomia, que retiraria a mama toda. E em alguns casos, quando a
gente consegue diagnosticar muito cedo, nem precisa de quimioterapia, por
exemplo. Então o tratamento ficaria muito mais simples, trazendo menos atrocidade
e menos morbidade à paciente”, explica.
O Instituto Nacional
do Câncer (INCA) estima que o câncer de mama deva atingir 66.280 mulheres
em 2020. É o tumor mais incidente entre as mulheres do mundo todo. Ainda de acordo o órgão, cerca de oito mil casos será
em pacientes com menos de 40 anos, o que equivale a mais de 12% do total. “A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as
mulheres acima dos 40 anos façam uma mamografia anualmente. Como a gente tem
visto muitos casos de câncer de mama em mulher mais jovem, a gente vê isso no
consultório e vê que realmente aumentou nos congressos de medicina de
oncologia, se puder já fazer ultrassom seria bom porque a mulher mais jovem tem
a mama mais densa, então é pior a mamografia. O ideal é fazer a mamografia
junto com o ultrassom. Então se puder aos 35 anos já começar a fazer anualmente
o ultrassom e a mamografia seria melhor”, explica a oncologista.
Embora o autoexame da
mama seja considerado importante para o autoconhecimento do corpo e para a
detecção de nódulos, a médica Bruna Zucchetti diz que ele não elimina os exames
com os profissionais. “O autoexame é importante e até incentivado para que as
mulheres se apalpem e se toquem para ver se teve algo que surgiu entre os exames
de rotina que se faz anualmente, porque eventualmente pode surgir o que a gente
chama de tumor de intervalo, que é aquele tumor que surge entre um exame e
outro. Agora esse exame não tem a capacidade de excluir o exame de imagem.
Então é preciso fazer os exames”, afirma.
Zucchetti afirma que
o câncer de mama não tem uma causa única. Segundo a oncologista, vários fatores
estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença. “O câncer de mama
tem diversos fatores. 15% dos fatores tem uma causa genética associada, que é
uma mutação genética, mas os outros 85% ou 90% não tem uma causa associada”,
explica. “A gente sabe de alguns fatores que aumentam as chances, que é bebida
alcoólica, tabagismo, o fato das mulheres menstruarem muito cedo, não terem
filho ou terem filho muito tarde. Não amamentar aumenta a chance, que a gente
sabe que a amamentação é um dos fatores de proteção para o câncer de mama, e a
obesidade também é um fator de risco”, detalha.
A médica oncologista
reforça que é preciso a realização dos exames preventivos do câncer de mama e
que os hospitais estão preparados para receber às pacientes, mesmo em época de
pandemia. “É necessário fazer os exames (...). Já está seguro em fazer os
exames nos hospitais. Os hospitais, pelo menos os daqui de São Paulo, criaram
fluxos independentes dos pacientes com e sem a Covid-19. Então os pacientes que
não tem suspeita do coronavírus e que iriam para o hospital só para fazer o
exame de rotina, eles não acabam entrando em contato com os pacientes que
possuem o vírus”, explica.
Para conscientizar sobre a campanha do Outubro Rosa, a Universidade Santo Amaro (UNISA) realizará palestras e ações sociais como forma de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Dentre as atividades que a Universidade promoverá, estão:
- Decorações e informativos (panfletos) na UBS Jordanópolis, em São Paulo;
- Palestras online que serão ministradas pelo curso de Educação Física no Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC);
- Dicas de nutrição no Instagram Stories (@unisaoficial) e também vídeos no IGTV sobre como fazer exame em casa nas cadelas;
- Pet Day: exames e orientações gratuitas para cadelas e gatas, que serão realizados no Hospital Veterinário da UNISA (HOVET), Rua José Portolano, 57 – Jardim das Imbuias (SP), dia 29/10 das 9h às 17h;
- Projeto da Talita Romatti – “Doe Lenço Doe Alegria” – estão sendo arrecadados lenços nos Campus I e II da instituição para serem doados ao Banco de lenços da quimioterapia do Hospital IBCC Oncologia – Campus I, Rua Prof. Enéas de Siqueira Neto, 340 – Interlagos (SP), e Campus II, Rua Isabel Schmidt, 349 - Santo Amaro (SP).
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