quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Governo discute o fim da meia entrada.

 

Após pesquisa realizada pela Ancine, Ministério da Economia se posiciona favorável ao fim do benefício


Por Livia Alves


A Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em 2013, voltada para estudantes, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda entre 15 e 29 anos, que tem como objetivo garantir o acesso à cultura, prevê o uso do benefício. Porém, de acordo com pesquisa realizada pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), o consumo de 2019 foi maior que a porcentagem da população brasileira.


Segundo análise da Ancine, 80% dos ingressos de cinema consumidos em 2019 tiveram algum acesso a esse benefício. A estimativa é que 96,6 milhões de pessoas sejam atingidas pela lei federal. Após a pesquisa ser divulgada, a Secretária de Advocacia da Concorrência e Competitividade se posicionou afirmando ser a favor de extinguir o auxílio.

O benefício tem facilitado para os grupos assistidos o acesso a diversas formas de cultura. A produtora de conteúdo digital e estudante do ensino médio, Lis Ferro, fala sobre como essa mudança poderá afetar seu dia a dia. "A lei da meia-entrada surge para mim, como um estímulo aos estudantes e professores para que consumam cultura, com toda certeza reduziria a minha ida em cinemas, teatros e museus", afirma.

A produtora também comenta que a mudança pode ser prejudicial para a formação dos estudantes "Muitos jovens deixarão de consumir a cultura, o que é extremamente prejudicial, já que esses estão em processo de formação. Além disso, o estímulo ao cinema e teatros brasileiros seriam reduzidos drasticamente, deixando a nossa cultura em Segundo plano.", diz.

A possibilidade da mudança divide opiniões. De acordo com o professor e diretor audiovisual e teatral, Wellington Dias, o fim da meia entrada pode ser um incentivo para que as pessoas passem a consumir as culturas populares e regionais. "Toda semana temos inúmeras atividades culturais acontecendo e de graça em vários locais, como saraus, peças, show, e oficinais culturais. Então primeiro precisamos quebrar esse estigma de que cultura é algo inacessível ou pior, que cultura é um bloco segmentado de atividades. A cultura é ampla e esta disponível para quem buscar em qualquer casa cultural ou centros comunitários de seu bairro", afirma Wellington.

O professor também comenta sobre como a retirada da meia entrada pode afetar financeiramente outros estabelecimentos nos shoppings "Tem um lado cultural nisso. Pessoas gostam de promoções e descontos. Além de grande parte dos cinemas estarem dentro de shoppings, complementando os passeios, é uma cadeia de consumo bem ligada, tirar a meia entrada pode arranhar um pouco esse interesse em ir aos shoppings. Muito embora ir ao cinema vá se manter, será com menos frequência." fala Dias.

O ministério da economia afirma que a meia-entrada apenas distorce os preços por fazer aumentar os custos para o consumidor, “Como consequência, os grupos que dela fazem uso (da meia entrada) são iludidos, pois praticamente não usufruem de benefício algum“, afirma em comunicado enviado à imprensa. 

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