quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Universo digital invade a vida das crianças e adolescentes

 

Isolamento social contribui para que os jovens estejam ainda mais inseridos no ambiente virtual

Por Monique Soares,

Educar os filhos em um mundo cada vez mais tecnológico tem sido um desafio para os pais, em especial após o início da pandemia do novo coronavírus. O atual cenário mundial transformou a convivência presencial em online, o que intensificou a entrada de crianças e adolescentes na internet.

De acordo a pesquisa TIC Kids Brasil (2019), divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, cerca de 89% da população brasileira, entre 9 e 17 anos, estão conectados à internet, o que corresponde a 24,3 milhões de crianças e adolescentes no ambiente online.

A confeiteira Sônia Ferreira, mãe da Sophia, de 8 anos, diz que o período de isolamento social aumentou o desejo da filha de ficar mais tempo conectada no mundo digital. “Por conta da pandemia e da recomendação que é de ficar em casa, a distração favorita é o uso da internet e de aparelhos eletrônicos. Quando não é usado para estudar, é usado para jogar ou ver vídeos no YouTube. Com isso, a cada dia que passa, parece que o desejo de ficar perto de alguma tecnologia aumenta”, conta.

Ela também explica que para equilibrar o acesso à internet e monitorar os estudos da filha, que está no 2º ano do ensino fundamental I, precisou estabelecer alguns horários. “Primeiro, ela realiza as atividades escolares, depois ela descansa um pouco que é normalmente no horário do almoço e então, na parte da tarde, olhamos a atividade que ela fez para ver se está tudo certo. Depois, ela fica mais um pouco no celular, jogando ou vendo algum vídeo e normalmente intercalamos esse período com alguma brincadeira com os brinquedos que ela gosta”, detalha.

Para a pesquisadora do programa Criança e Natureza do Instituto Alana, Maria Isabel Amando, o principal desafio dos pais no atual contexto de confinamento domiciliar é fazer com que o ambiente digital proporcione boas experiências aos filhos. “A internet tem oportunidades incríveis de aprendizagem para as crianças e adolescentes. Mas o desafio está em experimentá-la da melhor forma”, conta. “O melhor uso é onde a criança é protagonista, onde ela está criando alguma coisa que faça parte e que faça sentido para ela. Por exemplo, uma criança que olha mais receitas na internet, ou que faz vídeos sobre as plantinhas que estão cultivando para mandar para os amigos e familiares, ou que aprende a usar um aplicativo para fazer desenhos melhores. Quando a criança usa os recursos da internet para avançar seus próprios interesses, ela está fazendo um uso saudável e de qualidade”, explica.

Embora a internet seja um espaço de aprendizagem durante o isolamento social, ela também pode oferecer conteúdos inapropriados para as crianças e adolescentes, como pornografia, violência, intimidação online e bullying virtual. Segundo a psicóloga da infância e adolescência, Mariane Brito, é de extrema importância que os pais acompanhem a vida virtual dos filhos, mas ressalta que isso precisa ser feito por meio da conversa e da relação de confiança. “O importante é a construção de uma relação de confiança entre pais e filho, a conversa entre eles devem ser aberta e sincera, permitindo que os pais acompanhem as atividades e relações de seus filhos. Essa medida é sentida no dia-a-dia e estabelecida nessas conversas, de comum acordo”, afirma.

       A pesquisadora Maria Isabel acrescenta que nesse momento de pandemia os pais devem prestar mais atenção nos sentimentos das crianças e menos no tempo de uso da internet. “Agora não dá mais pra gente contar quantas horas as crianças estão passando na internet, porque as aulas estão sendo online, as conversas estão sendo online, a diversão está sendo online. Então, a gente tem que prestar a atenção nos sentimentos e conversar com as crianças sobre o uso das plataformas e dos aplicativos”, finaliza.

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