Isolamento social
contribui para que os jovens estejam ainda mais inseridos no ambiente virtual
Por Monique Soares,
Educar os filhos em um mundo cada vez mais tecnológico tem sido um desafio para os pais, em especial após o início da pandemia do novo coronavírus. O atual cenário mundial transformou a convivência presencial em online, o que intensificou a entrada de crianças e adolescentes na internet.
De acordo a pesquisa TIC Kids Brasil (2019),
divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, cerca de 89% da população brasileira, entre 9
e 17 anos, estão conectados à internet, o que corresponde a 24,3 milhões de
crianças e adolescentes no ambiente online.
A confeiteira Sônia Ferreira, mãe da Sophia, de
8 anos, diz que o período de isolamento social aumentou o desejo da filha de ficar
mais tempo conectada no mundo digital. “Por conta da pandemia e da recomendação
que é de ficar em casa, a distração favorita é o uso da internet e de aparelhos
eletrônicos. Quando não é usado para estudar, é usado para jogar ou ver vídeos
no YouTube. Com isso, a cada dia que passa, parece que o desejo de ficar perto
de alguma tecnologia aumenta”, conta.
Ela também explica que para equilibrar o
acesso à internet e monitorar os estudos da filha, que está no 2º ano do ensino
fundamental I, precisou estabelecer alguns horários. “Primeiro, ela realiza as
atividades escolares, depois ela descansa um pouco que é normalmente no horário
do almoço e então, na parte da tarde, olhamos a atividade que ela fez para ver
se está tudo certo. Depois, ela fica mais um
pouco no celular, jogando ou vendo algum vídeo e normalmente intercalamos esse
período com alguma brincadeira com os brinquedos que ela gosta”, detalha.
Para a pesquisadora do programa Criança e
Natureza do Instituto Alana, Maria Isabel Amando, o principal desafio dos pais no
atual contexto de confinamento domiciliar é fazer com que o ambiente digital
proporcione boas experiências aos filhos. “A internet tem oportunidades
incríveis de aprendizagem para as crianças e adolescentes. Mas o desafio está
em experimentá-la da melhor forma”, conta. “O melhor uso é onde a criança é
protagonista, onde ela está criando alguma coisa que faça parte e que faça
sentido para ela. Por exemplo, uma criança que olha mais receitas na internet,
ou que faz vídeos sobre as plantinhas que estão cultivando para mandar para os
amigos e familiares, ou que aprende a usar um aplicativo para fazer desenhos
melhores. Quando a criança usa os recursos da internet para avançar seus
próprios interesses, ela está fazendo um uso saudável e de qualidade”, explica.
Embora a internet seja um espaço de
aprendizagem durante o isolamento social, ela também pode oferecer conteúdos
inapropriados para as crianças e adolescentes, como pornografia, violência, intimidação
online e bullying virtual. Segundo a psicóloga da infância e adolescência,
Mariane Brito, é de extrema importância que os pais acompanhem a vida virtual
dos filhos, mas ressalta que isso precisa ser feito por meio da conversa e da
relação de confiança. “O importante é a construção de uma relação de confiança
entre pais e filho, a conversa entre eles devem ser aberta e sincera,
permitindo que os pais acompanhem as atividades e relações de seus filhos. Essa
medida é sentida no dia-a-dia e estabelecida nessas conversas, de comum
acordo”, afirma.
A
pesquisadora Maria Isabel acrescenta que nesse momento de pandemia os pais
devem prestar mais atenção nos sentimentos das crianças e menos no tempo de uso
da internet. “Agora não dá mais pra gente contar quantas horas as crianças
estão passando na internet, porque as aulas estão sendo online, as conversas
estão sendo online, a diversão está sendo online. Então, a gente tem que
prestar a atenção nos sentimentos e conversar com as crianças sobre o uso das plataformas
e dos aplicativos”, finaliza.
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