sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Pandemia afeta saúde mental dos empreendedores

 

Estudo feito pela consultoria Troposlab, em parceria com a UFMG, aponta que os níveis de estresse, ansiedade e depressão de empreendedores foi parecido com os de profissionais de saúde

Monique Soares,

Assim que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, empreendedores precisaram se reinventar e estabelecer novas estratégias em tempo recorde para dar continuidade aos negócios. No entanto, esse processo de adaptação ao novo cenário trouxe ainda mais pressão e incerteza no empreendedorismo, o que resultou em uma mescla de estresse, ansiedade e depressão.

É o que apresenta a pesquisa realizada pelo núcleo da consultoria Troposlab, empresa especializada em inovação, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo, pioneiro no Brasil, teve a participação de 653 empreendedores de quase todos os estados brasileiros entre 4 e 25 de junho.

No levantamento foi observado que 51,1% dos empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia, enquanto 24,9% disseram que a vida foi muito afetada nesse período. Em relação à necessidade de acompanhamento e cuidados com a saúde mental e início do uso de medicamentos, como antidepressivo, ansiolítico ou ambos, foi relatado uso por 15,16% dos entrevistados.

O relatório de pesquisa também apontou que as mulheres apresentaram maior intensidade de sintomas para ansiedade (28,5%) e depressão (10,4%) quando comparadas aos homens (22,2% de ansiedade e 3,4% com depressão). Segundo a pesquisadora da Troposlab e que está à frente do estudo, Marina Mendonça, o grupo de mulheres é diferente do grupo de homens para a população de empreendedores quando se trata de sofrimento mental. “O que a gente encontrou no estudo para os empreendedores é uma confirmação de que há realmente essa diferença. Existe a necessidade de novos estudos, de investigar mais profundamente, mas uma hipótese para esse momento é que de fato as mulheres acumulam mais atividade. Então talvez o ambiente para as mulheres seja um pouco mais estressante, ele tem mais pressão, ele tem mais acumulo de tarefas. Talvez seja uma jornada de trabalho mais extensa”, explica.

Já em relação à existência de diagnósticos de ansiedade ou depressão, atribuído por um profissional de saúde, ao longo da vida, 13,8% dos empreendedores respondeu que sim para depressão e 50,7% para ansiedade. Ainda segundo o estudo, os estados de São Paulo, Goiás e Distrito Federal foram os que mostraram maior frequência em sintomatologia alta, o que poderia apontar para níveis de sofrimento psicológico mais alto.

Para realização do estudo, os pesquisadores utilizaram como base o teste DASS-21 (que mede os níveis de ansiedade, estresse e depressão) e observaram que tanto os empreendedores quanto os profissionais da saúde apresentaram resultados e níveis de sofrimento mental semelhantes no período de pandemia.

A pesquisa também apresentou pontos sobre a percepção de incerteza dos donos de negócio com o cenário pandêmico. Segundo o relatório, cerca de 45,5% dos empreendedores concordam totalmente com a afirmativa de que a pandemia deixou o ambiente mais incerto para o seu negócio. Já sobre a capacidade para lidar com as incertezas, 23,7% dos empreendedores concordam totalmente que as possuem, enquanto 47,9% concordam apenas parcialmente. A pesquisadora Marina Mendonça explica que é necessário que os empreendedores busquem novos conhecimentos para o negócio durante o período de pandemia. “É importante que ele [empreendedor] entenda a necessidade de buscar ajuda, de buscar apoio, de estudar, de buscar curso, de buscar orientações e consultorias. Existem coisas acontecendo, inclusive gratuitamente, fornecido muitas vezes até mesmo pelo SEBRAE. Então ele precisa acessar a sua rede nesse momento e buscar ajuda. (...) Isso vai de fato ajudar para que ele se sinta um pouco melhor do ponto de vista psicológico e do ponto de vista de saúde mental”, explica Marina Mendonça.



Infográfico: Monique Soares


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