Estudo
feito pela consultoria Troposlab, em parceria com a UFMG, aponta que os níveis
de estresse, ansiedade e depressão de empreendedores foi parecido com os de
profissionais de saúde
Monique Soares,
Assim que a pandemia
da Covid-19 chegou ao Brasil, empreendedores precisaram se reinventar e
estabelecer novas estratégias em tempo recorde para dar continuidade aos
negócios. No entanto, esse processo de adaptação ao novo cenário trouxe ainda
mais pressão e incerteza no empreendedorismo, o que resultou em uma mescla de
estresse, ansiedade e depressão.
É o que apresenta a
pesquisa realizada pelo núcleo da consultoria Troposlab, empresa especializada
em inovação, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O
estudo, pioneiro no Brasil, teve a participação de 653 empreendedores de quase
todos os estados brasileiros entre 4 e 25 de junho.
No levantamento foi
observado que 51,1% dos empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia,
enquanto 24,9% disseram que a vida foi muito afetada nesse período. Em relação
à necessidade de acompanhamento e cuidados com a saúde mental e início do uso
de medicamentos, como antidepressivo, ansiolítico ou ambos, foi relatado uso
por 15,16% dos entrevistados.
O relatório de
pesquisa também apontou que as mulheres apresentaram maior intensidade de
sintomas para ansiedade (28,5%) e depressão (10,4%) quando comparadas aos
homens (22,2% de ansiedade e 3,4% com depressão). Segundo a pesquisadora da
Troposlab e que está à frente do estudo, Marina Mendonça, o grupo de mulheres é
diferente do grupo de homens para a população de empreendedores quando se trata
de sofrimento mental. “O que a gente encontrou no estudo para os empreendedores
é uma confirmação de que há realmente essa diferença. Existe a necessidade de
novos estudos, de investigar mais profundamente, mas uma hipótese para esse
momento é que de fato as mulheres acumulam mais atividade. Então talvez o
ambiente para as mulheres seja um pouco mais estressante, ele tem mais pressão,
ele tem mais acumulo de tarefas. Talvez seja uma jornada de trabalho mais
extensa”, explica.
Já em relação à existência de diagnósticos de
ansiedade ou depressão, atribuído por um profissional de saúde, ao longo da
vida, 13,8% dos empreendedores respondeu que sim para depressão e 50,7% para
ansiedade. Ainda segundo o estudo, os estados de São Paulo, Goiás e Distrito
Federal foram os que mostraram maior frequência em sintomatologia alta, o que
poderia apontar para níveis de sofrimento psicológico mais alto.
Para realização do estudo, os pesquisadores
utilizaram como base o teste DASS-21 (que mede os níveis de ansiedade, estresse
e depressão) e observaram que tanto os empreendedores quanto os profissionais
da saúde apresentaram resultados e níveis de sofrimento mental semelhantes no período
de pandemia.
A pesquisa também apresentou pontos sobre a percepção
de incerteza dos donos de negócio com o cenário pandêmico. Segundo o relatório,
cerca de 45,5% dos empreendedores concordam totalmente com a afirmativa de que
a pandemia deixou o ambiente mais incerto para o seu negócio. Já sobre a
capacidade para lidar com as incertezas, 23,7% dos empreendedores concordam
totalmente que as possuem, enquanto 47,9% concordam apenas parcialmente. A pesquisadora
Marina Mendonça explica que é necessário que os empreendedores busquem novos
conhecimentos para o negócio durante o período de pandemia. “É importante que
ele [empreendedor] entenda a necessidade de buscar ajuda, de buscar apoio, de
estudar, de buscar curso, de buscar orientações e consultorias. Existem coisas
acontecendo, inclusive gratuitamente, fornecido muitas vezes até mesmo pelo
SEBRAE. Então ele precisa acessar a sua rede nesse momento e buscar ajuda.
(...) Isso vai de fato ajudar para que ele se sinta um pouco melhor do ponto de
vista psicológico e do ponto de vista de saúde mental”, explica Marina
Mendonça.
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