Por: Cristiane Palmeira, Raquel Reis e Talita Raquel
Ainda que o modelo de negócios do jornalismo
na web esteja sendo revisto, a publicidade representa uma importante fatia de
lucro dos portais de notícias. Há várias formas de serem feitas as
publicidades, as mais populares são o banner ou o insistente pop-up.
Com a opção dos bloqueios de propagandas
indesejadas através de extensões adwares, as empresas publicitárias viram-se
obrigadas a buscarem novas alternativas, e um dos modelos escolhidos foi o de
anúncio inspirados em layouts do jornalismo impresso, o chamado publieditorial,
com lide e manchete, que são chamativos e atraem a atenção.
Publicidade ou jornalismo?
Para compreender melhor como funciona esse
produto, uma empresa compra um espaço determinado (que já possui uma
centimetragem e um valor correspondente) e faz a publicidade, a fim de
conquistar mais clientes. Outro objetivo comum é segurar o leitor por mais
tempo dentro do seu site, e, é nesse ponto que temos um grande problema: os
anúncios que agem de má-fé e adotam a linguagem jornalística com manchetes
semelhantes às notícias reais e sem cunho comercial, para atrair cliques e
gerar mais rentabilidade. Abaixo é possível ver um exemplo de publicidade
camuflada nesses moldes, no Portal Terra:
Site Doutíssima do portal Terra: notícias patrocinadas
crédito: Reprodução
|
A princípio, a prática dessa estratégia parece
ser adequada ao universo online, por adicionar mais informações, mesmo que elas
sejam publicitárias, vinculadas a uma instituição particular.
Porém, o descontentamento do leitor ao clicar
em uma notícia, achando que será informado sobre algo relevante e se deparar
com uma estratégia de marketing e publicidade, acaba gerando sua fuga
instantaneamente, além de perder pouco a pouco a credibilidade do propagador
como fonte de notícia.
Pode até parecer vantajoso para o anunciante
os cliques desse consumidor ou até mesmo para o portal, mas essa ação pode
acarretar efeito rebote, inverso na fidelização desse meio.
Por mais transparência
Debruçamos-nos, claramente, com uma questão
ética, pois o pacto implícito de confiabilidade entre veículo e leitor é
rompido nesse tipo de modelo ambíguo e confuso de notícia e publicidade. Apesar
de pertencerem ao mesmo campo de comunicação social, os caminhos se divergem.
Enquanto a publicidade usa de artifícios mercadológicos com lucro financeiro, o
jornalismo tem como essência informar, com foco no interesse público.
A transparência de informação garante o
prestígio dos portais de notícias. Especificar claramente o que é notícia e o
que é publicidade é o primeiro passo para a correção desse tipo de prática. O
leitor precisa ser o protagonista, ter a autonomia de optar, intuitivamente ou
não, o que será acessado.
*Cristiane Palmeira, Raquel Reis e Talita Raquel são alunas do 7º semestre de Jornalismo da Universidade de Santo Amaro (Unisa)
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