quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Diminuição nos testes de Covid preocupa especialistas

Segundo dados do Ministério da Saúde, testes para o novo coronavírus sofreram uma queda pelo segundo mês consecutivo


Livia Alves

O teste do tipo RT-PCR tem como objetivo identificar pacientes com infecção recente, de modo que facilite rastrear e iniciar as medidas necessárias como o isolamento do paciente para tratar da doença. E para iniciar o isolamento de pessoas que entraram em contato com a pessoa infectada, limitando assim a propagação da doença.


Essa diminuição, registrada em outubro deste ano, tem preocupado especialistas que afirmam que o País se encontra em momento delicado em que os testes deveriam ser aumentados, levando em consideração a descoberta de que o vírus se espalha pelo contato nos primeiros dias de sintomas.

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, a diminuição dos testes atrapalha a busca por soluções adequadas para controlar o contágio, “Com a quantidade de teste diminuindo, não podemos fazer um controle epidemiológico adequado, ou seja, não conseguimos ter um controle real dos casos ativos e traçar estratégias para o controle da pandemia.”, afirma Janckowiski.

O biomédico Henrique Trindade observa outro fator de risco quanto a redução de testes tipo RT-PCR: as pessoas assintomáticas. “O vírus possui uma considerável taxa de casos assintomáticos, ou seja, há a presença de vírus no corpo, porém não há presença de sintomas clínicos aparentes. Ainda assim, essa pessoa pode transmitir ele (o vírus) através dos fluídos. (...) O método RT-PCR é um teste molecular que usa desses dados para identificar o RNA (Ácido Ribonucleico) do vírus nas células do indivíduo através da coleta de SWAB (aquele cotonete que usam pra fazer coleta no fundo do nariz) da região nasofaringe, ou seja, onde o vírus costuma estar presente em maior quantidade em nós humanos.”, comenta Trindade.

Apesar de poderem usar dos sintomas para rastrear o contágio, o teste facilita o processo e diminui a margem de erro. Segundo o Biólogo Vinicius Rodrigues de Lima, a cidade de São Paulo tem se tornado um alvo de preocupação, “São Paulo não apenas é a maior e mais populosa cidade do país, como também é o principal epicentro. As medidas tomadas no início da pandemia não evitaram o montante de dezenas de milhares de mortos pela Covid, quase 50 mil nesse momento, mas evitaram o colapso do sistema de saúde no Estado, e isso com toda certeza evitou um número muito maior de mortos até agora. O problema é que com uma doença tão rápida, os cientistas e profissionais da saúde precisam ser tão rápidos quanto para o combate eficiente. (...) Na prática, a falta desses dados enfraquece todo o estudo estatístico em cima de como a cidade está reagindo a infecção, quais os caminhos que o poder público deve tomar para frear a contaminação, o que fecha e o que abre, como abre, quais medidas tomamos”, afirma Lima. 



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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Queda nas vacinas pode trazer riscos à população

 Além da poliomielite e do sarampo, outras doenças podem ressurgir por conta da baixa cobertura vacinal


Por Monique Soares,

No Brasil, vem se observando uma constante queda nas coberturas vacinais nos últimos cinco anos, o que tem preocupado autoridades em saúde. Segundo especialistas, a baixa adesão às vacinas pode contribuir para o reaparecimento de doenças que até então estavam erradicadas ou controladas, entre elas o sarampo e a poliomielite.

Em 2016, o Brasil obteve pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) a certificação de país livre do sarampo. No entanto, em março de 2019, perdeu o certificado após registrar surtos em três estados brasileiros. Já em relação à poliomielite, o último caso registrado foi em 1989, mas especialistas temem o retorno da doença. “Nós tínhamos praticamente erradicado a poliomielite. (...) Agora, nós estamos fazendo a vigilância novamente, porque caiu a quantidade de crianças imunizadas”, explica a médica pediatra e diretora do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA), Jane de Eston Armond.

Dados preliminares das Secretarias Estaduais de Saúde revelam que 6,3 milhões de crianças não receberam a vacina contra a paralisia infantil neste ano, ficando abaixo da meta de imunizar 11,2 milhões do público-alvo (crianças de 1 a 5 anos de idade incompletos). Já o sarampo, apenas 13% do público-alvo (população de 20 a 49 anos) foi vacinado contra a doença em 2020. Além disso, até setembro deste ano, foram registrados 7.118 casos e cinco mortes por sarampo no Brasil, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.

O PNI também informou, em outubro deste ano, que o país não bateu meta para nenhuma vacina em 2019. De acordo com a médica infectologista, Erika Ferrari, existe alguns fatores que podem explicar a queda contínua nas coberturas vacinais. “É um conjunto de fatores: a presença de um movimento anti-vacina crescente em todo o mundo, a disseminação de fake news, medo de reações adversas, a sensação de segurança no que diz respeito a eliminação de doenças - baixa percepção de risco da população sobre enfermidades erradicadas - e as dificuldades no acesso aos imunizantes nos postos de saúde”, afirma. A infectologista também acrescenta que a pandemia do novo coronavírus contribuiu ainda mais para intensificar a queda de taxas de imunização no Brasil. “Com o isolamento social e o medo de comparecer aos serviços de saúde na pandemia, a cobertura vacinal em 2020 está muito mais abaixo da meta, com algumas vacinas do calendário básico do Programa Nacional de Imunizações não atingindo metade do público-alvo”, explica.  

Sobre o fato das crianças estarem em casa na pandemia, o que pode promover uma proteção mesmo sem vacina, Ferrari diz que as chances de contrair a doença ainda existem. “Isso pode gerar uma falsa sensação de proteção, pois os pais saem de casa e caso não tenham sido vacinados, podem levar a doença para os filhos. Por exemplo, o público-alvo para vacinação contra o sarampo são pessoas adultas com idade entre 20 e 49 anos”, explica. “Uma pessoa com sarampo chega a infectar até 18 pessoas, dai a necessidade de vacinação em massa, pois o sarampo é altamente contagioso e pode evoluir de forma grave”, alerta.

Além do sarampo e da pólio, a infectologista também afirma que a baixa cobertura vacinal pode fazer com que outras doenças ressurjam. “A rubéola está incluída nas doenças com risco eminente de ressurgimento caso o número de vacinação continue a diminuir, já que a vacina contra o sarampo está incluída na chamada tríplice viral, que engloba além do sarampo, a caxumba e a rubéola”, explica. “O maior risco para a rubéola ocorre com as mulheres grávidas, já que o vírus pode ser transmitido para o feto causando complicações como surdez, malformações cardíacas e lesões oculares”, alerta.

Para que a população volte a ter consciência sobre importância da imunização, a pediatra Jane de Eston diz que o Estado deveria investir mais em educação em saúde. “A coisa mais importante que nós temos para evitar o adoecimento é a educação em saúde. E a educação em saúde você faz através de campanhas, de publicações, da mídia que pode soltar vários alertas, vários informes e vários esclarecimentos”, explica. “É muito mais barato educar do que combater as doenças depois”, afirma.

Ainda segundo a pediatra, as vacinas são importantes para o bem de toda a população. “Se eu me contaminar, eu posso contaminar o próximo. É uma questão de cidadania você preservar a sua saúde e preservar a saúde do próximo. (...) A vacina é uma das coisas mais importantes para que você possa garantir que não tenha uma série de doenças”, afirma.


Infográfico: Monique Soares

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Governador de São Paulo anuncia recuo na quarentena

 João Dória (PSDB) anunciou nesta segunda (30) o recuo da fase verde para a fase amarela do Plano São Paulo


Por: Livia Alves

Um dia após o segundo turno das eleições municipais vencidas por Bruno Covas (PSDB), o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou em coletiva o recuo na fase de bandeiras do Plano São Paulo em todas as regiões do estado.

A cidade que estava na fase verde do isolamento, agora, retorna a fase amarela. Segundo o governador, a fase amarela não fechará comércios, porém, o funcionamento ficará limitado a 40%, podendo ficar aberto dez horas por dia.

O Plano São Paulo, que é divido em 5 bandeiras, retorna da quarta para a terceira fase. As diferenças entre a fase amarela (3ª) e a fase verde (4ª) são a redução do tempo de atendimento comercial, que vai de 40% para 60%, com a diminuição na flexibilização.

A mudança das bandeiras não afeta o cronograma de volta às aulas, o Estado mantém as salas de aula com 35% da quantidade de alunos com exceção da capital paulista que só permitirá 20% de ocupação. Para academias, o funcionamento ficará restrito à 30% da capacidade do espaço, podendo estar aberta por 6h diárias com aulas individuais.

Durante a coletiva, Dória faz um apelo e pede paciência para a população e conscientização dos jovens, “A você que está na sua casa nos assistindo nesse momento, nos ajude. Até a chegada da vacina e a imunização dos brasileiros precisamos ter cautela, paciência, resiliência e compreensão, e muita orientação principalmente aos mais jovens para que, por favor, evitem aglomerações, por favor, usem máscaras, por favor, lavem as suas mãos e compreendam que a Covid-19 não foi embora, o vírus ainda está presente, e o vírus mata.”, alerta o Governador.

Apesar da fala de Dória em coletiva afirmar que a cidade tem se prevenido desde março com o Plano São Paulo, o biomédico Henrique Trindade afirma que a capital, em nenhuma fase das bandeiras, teve um isolamento adequado, “São Paulo não parou como outros países em nenhum momento. Na Alemanha, se você saísse de casa sem motivo recebia uma multa de 5 mil euros. Nossa quarentena deveria ter durado 15 dias, de forma rígida e ponto. Não esse vai e vem de hoje (...) Nossa dívida interna já está em mais de 90% do PIB e o pessoal hoje pensa em saúde com o pé na economia.”, comenta.

O Biólogo Vinicius Rodrigues de Lima comenta o receio de uma piora no cenário nacional. “Estamos em uma tendência de aumento no contágio que se perder o controle vira uma segunda onda pior que a primeira.”, diz.

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, a reabertura dificultou a situação, “O sistema aparenta uma espécie de colapso. Voltamos a abrir UTI que haviam sido fechadas. Meu complexo hospitalar conta com 89 leitos dos quais cerca de 65 já foram ocupados. Tenho paciente que mente sobre não ter contato com a covid para fazer cirurgia e isso põe em risco a vida deles e dos outros.”, lamenta.

Ao final da coletiva, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), afirma que a próxima classificação do plano São Paulo será realizada no dia 4 de Janeiro de 2021.

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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Novembro azul: homens deixam de ir ao médico na pandemia

 Em função da Covid-19, público masculino tem deixado de fazer consultas regulares ou tratamento médico, o que pode ter impacto no diagnóstico de câncer de próstata


Monique Soares,

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em outubro deste ano, mostrou que 55% dos homens acima dos 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico por conta da pandemia da Covid-19. Esse dado pode ter impacto, por exemplo, no diagnóstico de câncer de próstata, que é o tumor mais frequente entre a população masculina.

Ainda de acordo com os dados da SBU, 57% desse grupo acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde neste período de pandemia, enquanto 9% consideraram que a saúde estaria pior do que antes.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 65.840 novos casos de câncer de próstata surjam em 2020 no Brasil, com 15.576 mortes relacionadas. “O homem historicamente já não é muito afeito a fazer exames de rotina. Ele já tem uma dificuldade, que tem melhorado ao longo dos anos. Mas ele ainda é bem mais resistente do que as mulheres. Então, se a gente somar isso, que já acontece de maneira rotineira, com o fato de que a pandemia inibiu mais ainda os homens de ir ao médico, temos um problema grande para resolver nos próximos meses”, afirma o médico urologista Dr. Luis Cláudio Heitzmann.

Segundo o urologista, a realização dos exames de rotina para diagnóstico de câncer de próstata é extremamente importante para que a doença seja descoberta ainda em fases iniciais, o que pode aumentar as chances de cura. “Quando você faz um diagnóstico precoce, você pode também fazer um tratamento precoce. E as chances de cura são muito altas. O câncer de próstata tem uma característica que, na maior parte das vezes, ele é um câncer de crescimento lento. Então se a gente consegue pegar ele nas fases iniciais, e empregando o tratamento correto, conseguimos praticamente curar a pessoa”, afirma Heitzmann.

Em relação aos sintomas, o urologista explica que o tumor da próstata não costuma apresentar sinais quando está em estágio inicial. “O câncer de próstata, em geral, nas fases iniciais, ele é silencioso. Por isso a gente pede para o paciente ir rotineiramente ao urologista, uma vez ao ano, independentemente de sintomas. (...) Quando o paciente tem sintomas e descobre que é o câncer de próstata que está causando esses sintomas, normalmente é quando a doença já está no estágio mais avançado”, explica.

Heitzmann também alerta sobre os hábitos que podem ajudar a prevenir o câncer de próstata. “Alimentação saudável, evitar a obesidade e combater o sedentarismo - é importante manter práticas de atividade física regulares, porque isso vai ter impacto na evolução do câncer de próstata. Evitar vícios, como álcool e fumo, que podem atrapalhar e aumentar os riscos de câncer de próstata”, explica o urologista. “Prestar a atenção nos fatores que a pessoa já pode ter com relação a ser negro, porque quem é negro tem uma predisposição maior a desenvolver o câncer de próstata. E aqueles homens que tem familiares de primeiro 1º grau com o câncer de próstata na família, como pai, tio e irmão”, alerta o médico.

Para conscientizar sobre a campanha do Novembro Azul, a Universidade Santo Amaro (UNISA) realizará palestras e ações sociais como forma de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Dentre as atividades que a Universidade promoverá, estão:

  • Ciclo de palestras online;
  • Distribuição de folders aos pacientes na UBS Jordanópolis, em São Paulo;
  • Postagens no Instagram Stories (@unisaoficial);
  • Distribuição de fitas azuis para os colaboradores da Instituição;
  • Participação dos professores e coordenadores, com a disponibilização de slides alusivos à causa da campanha. 



Infográfico: Monique Soares



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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Músicos retomam as atividades em São Paulo

 Com a reabertura parcial dos estabelecimentos, artistas rua, em geral, retomam aos poucos o dia a dia


Por: Livia Alves

Devido ao isolamento social causado pelo Coronavírus, diversos artistas como músicos ficaram desamparados sem sua forma principal de renda. Com a cidade de São Paulo entrando em fase amarela, e aumentando a circulação de pessoas sobretudo no centro da cidade, alguns desses músicos passaram a reocupar seus pontos de shows e busca por retomar essa renda perdida.

A cantora e editora Nega Preto NP comenta sobre a quarentena ter afetado sua renda. “Os shows eram o que me garantia algum retorno, mesmo que vendendo CD's. É raro ter algum evento que possa ‘rolar’ sem aglomeração contratando artistas menos consolidados na cena nacional. Sobraram pouquíssimas coisas e o auxílio (emergencial) veio a ser bem útil”, afirma NP. A cantora também fala sobre como isolamento social proporcionou um novo público, porém, não é o suficiente para complementar a renda. “Felizmente ainda rolam alguns (eventos) online, mas nem todos remunerados. O lado bom foi que isso trouxe um grande público para acompanhar as redes sociais e plataformas digitais”, destaca.

O cantor Vinidarima afirma que antes da pandemia sua remuneração vinha de suas apresentações em trens e metrôs. “Antes eu tirava só uma renda com isso, hoje vivo, sobrevivo e existo por e com música. Em relação a antes da quarentena, ainda está escasso, mas acho que em comparação, hoje em dia o movimento é maior de desde o começo (do isolamento social)”, explica.

Diferente do Vinidarima e da cantora Nega Preto, Luz começou sua carreira musical durante a pandemia. “Comecei a me apresentar na quarentena, depois da flexibilização, nos metrôs de São Paulo. Agora que sobrevivo da arte (...). Por ter começado a cantar durante a quarentena, não vi muita coisa, mas cantar de máscara é incômodo, não poder ver o sorriso das pessoas é incômodo”, diz Luz.

Apesar da mudança beneficiar este grupo que tem sofrido com a falta de trabalhos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a afirmar que o isolamento social é necessário. A prática de cantar e tocar instrumentos dentro dos metrôs e trens, apesar de não permitida pelo governo, são muito comuns na cidade de São Paulo.


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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Pandemia afeta saúde mental dos empreendedores

 

Estudo feito pela consultoria Troposlab, em parceria com a UFMG, aponta que os níveis de estresse, ansiedade e depressão de empreendedores foi parecido com os de profissionais de saúde

Monique Soares,

Assim que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, empreendedores precisaram se reinventar e estabelecer novas estratégias em tempo recorde para dar continuidade aos negócios. No entanto, esse processo de adaptação ao novo cenário trouxe ainda mais pressão e incerteza no empreendedorismo, o que resultou em uma mescla de estresse, ansiedade e depressão.

É o que apresenta a pesquisa realizada pelo núcleo da consultoria Troposlab, empresa especializada em inovação, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo, pioneiro no Brasil, teve a participação de 653 empreendedores de quase todos os estados brasileiros entre 4 e 25 de junho.

No levantamento foi observado que 51,1% dos empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia, enquanto 24,9% disseram que a vida foi muito afetada nesse período. Em relação à necessidade de acompanhamento e cuidados com a saúde mental e início do uso de medicamentos, como antidepressivo, ansiolítico ou ambos, foi relatado uso por 15,16% dos entrevistados.

O relatório de pesquisa também apontou que as mulheres apresentaram maior intensidade de sintomas para ansiedade (28,5%) e depressão (10,4%) quando comparadas aos homens (22,2% de ansiedade e 3,4% com depressão). Segundo a pesquisadora da Troposlab e que está à frente do estudo, Marina Mendonça, o grupo de mulheres é diferente do grupo de homens para a população de empreendedores quando se trata de sofrimento mental. “O que a gente encontrou no estudo para os empreendedores é uma confirmação de que há realmente essa diferença. Existe a necessidade de novos estudos, de investigar mais profundamente, mas uma hipótese para esse momento é que de fato as mulheres acumulam mais atividade. Então talvez o ambiente para as mulheres seja um pouco mais estressante, ele tem mais pressão, ele tem mais acumulo de tarefas. Talvez seja uma jornada de trabalho mais extensa”, explica.

Já em relação à existência de diagnósticos de ansiedade ou depressão, atribuído por um profissional de saúde, ao longo da vida, 13,8% dos empreendedores respondeu que sim para depressão e 50,7% para ansiedade. Ainda segundo o estudo, os estados de São Paulo, Goiás e Distrito Federal foram os que mostraram maior frequência em sintomatologia alta, o que poderia apontar para níveis de sofrimento psicológico mais alto.

Para realização do estudo, os pesquisadores utilizaram como base o teste DASS-21 (que mede os níveis de ansiedade, estresse e depressão) e observaram que tanto os empreendedores quanto os profissionais da saúde apresentaram resultados e níveis de sofrimento mental semelhantes no período de pandemia.

A pesquisa também apresentou pontos sobre a percepção de incerteza dos donos de negócio com o cenário pandêmico. Segundo o relatório, cerca de 45,5% dos empreendedores concordam totalmente com a afirmativa de que a pandemia deixou o ambiente mais incerto para o seu negócio. Já sobre a capacidade para lidar com as incertezas, 23,7% dos empreendedores concordam totalmente que as possuem, enquanto 47,9% concordam apenas parcialmente. A pesquisadora Marina Mendonça explica que é necessário que os empreendedores busquem novos conhecimentos para o negócio durante o período de pandemia. “É importante que ele [empreendedor] entenda a necessidade de buscar ajuda, de buscar apoio, de estudar, de buscar curso, de buscar orientações e consultorias. Existem coisas acontecendo, inclusive gratuitamente, fornecido muitas vezes até mesmo pelo SEBRAE. Então ele precisa acessar a sua rede nesse momento e buscar ajuda. (...) Isso vai de fato ajudar para que ele se sinta um pouco melhor do ponto de vista psicológico e do ponto de vista de saúde mental”, explica Marina Mendonça.



Infográfico: Monique Soares


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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Câncer de Mama atinge população masculina

 

Apesar de raro, Instituto Nacional de Câncer afirma que homens também correm risco de contrair a doença


Por Livia Alves

O câncer de mama é uma doença que atinge em sua maioria mulheres. Porém, apesar de raro, pode ser tão fatal para homens quanto para mulheres.

A doença em homens é tão rara que, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), nem entra na estimativa. Segundo a pesquisa de 2018, o número de mortes por câncer de mama no Brasil foram de 17.763, sendo 17.572 em mulheres e 189 em homens. O INCA também coloca como possíveis fatores de risco, os genéticos e hereditário, reforçando a importância do conhecimento de risco sobre o câncer e a necessidade do exame de toque independente do gênero.

A auxiliar de enfermagem Larissa Calouro Pachioni explica o que é o que pode causar a doença “O câncer de mama é um tumor maligno que tem uma taxa de grande crescimento e que pode se espalhar facilmente para outros órgãos e regiões do corpo. No caso masculino, o diagnóstico é feito com base no histórico familiar, nos exames de imagem, sangue, exames físicos e biópsias. Como o homem possui menos tecido mamário, é mais fácil observar e sentir as pequenas massas” afirma Larissa.

A auxiliar de enfermagem explica que os pacientes submetidos à mastectomia não são imunes ao risco. “Mesmo após a retirada total das mamas existe a chance de desenvolver (o câncer de mama) e se já tiver casos confirmados na família, a predisposição é de 10%.” diz. 

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, os dados podem ser contaminados pela falta de conhecimento do risco entre os homens “Os homens tem pouco conhecimento sobre a doença, e isto está ligado principalmente a forma como a sociedade molda o indivíduo, pois desde criança aprendemos que câncer de mama é coisa de mulher, homem não deve se preocupar com a saúde. Porém, não é esse o caso, pois ambos os sexos possuem tecido mamário, porém em diferentes quantidades”, explica o enfermeiro.

Patrick também fala sobre os sintomas da doença e reforça a necessidade de buscar auxílio médico, “O que não pode acontecer é a pessoa perceber e demorar para ir ao médico. Qualquer alteração percebida deve ser comunicada ao médico para melhor investigação”, complementa Janckowski.




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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Mulheres prolongam mamografia na pandemia

Devido ao cenário pandêmico, mulheres deixaram de realizar exames preventivos para não recorrer às unidades de saúde, o que não é indicado pelos especialistas

 

Monique Soares,

Todos os anos a campanha Outubro Rosa tem por objetivo reforçar a importância do autoexame e da prevenção contra o câncer de mama. No entanto, um fator tem chamado à atenção: a diminuição do diagnóstico da doença. Segundo um levantamento feito pela Fundação do Câncer, com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), houve uma queda de 84% nas mamografias realizadas no Brasil durante a pandemia da Covid-19.

O número de mamografias feitas até julho de 2020 foi de 1,1 milhão, enquanto nos mesmos períodos de 2018 e 2019 foram 2,1 milhões. De acordo com a pesquisa elaborada pelo IBOPE Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, cerca de 62% das mulheres deixaram de ir ao ginecologista ou ao mastologista devido ao atual cenário mundial. Entre as que têm 60 anos ou mais e que fazem parte do grupo de risco, a porcentagem é ainda maior: 73% disseram estar à espera do fim da pandemia para retomar as consultas médicas e fazer exames de rotina.

Apesar do contexto pandêmico, especialistas da área orientam que a rotina de prevenção deve ser mantida pelas pacientes. Segundo a médica oncologista e coordenadora da oncologia mamária e torácica do Hospital São Camilo e Instituto Emunah, Bruna Zucchetti, seguir com os exames contribuem para o diagnóstico precoce do câncer de mama, o que também pode favorecer no tratamento da doença. “Se a gente conseguir diagnosticar mais precocemente, nós conseguimos fazer uma cirurgia menor, sem a necessidade de fazer uma mastectomia, que retiraria a mama toda. E em alguns casos, quando a gente consegue diagnosticar muito cedo, nem precisa de quimioterapia, por exemplo. Então o tratamento ficaria muito mais simples, trazendo menos atrocidade e menos morbidade à paciente”, explica.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que o câncer de mama deva atingir 66.280 mulheres em 2020. É o tumor mais incidente entre as mulheres do mundo todo. Ainda de acordo o órgão, cerca de oito mil casos será em pacientes com menos de 40 anos, o que equivale a mais de 12% do total. “A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres acima dos 40 anos façam uma mamografia anualmente. Como a gente tem visto muitos casos de câncer de mama em mulher mais jovem, a gente vê isso no consultório e vê que realmente aumentou nos congressos de medicina de oncologia, se puder já fazer ultrassom seria bom porque a mulher mais jovem tem a mama mais densa, então é pior a mamografia. O ideal é fazer a mamografia junto com o ultrassom. Então se puder aos 35 anos já começar a fazer anualmente o ultrassom e a mamografia seria melhor”, explica a oncologista.

Embora o autoexame da mama seja considerado importante para o autoconhecimento do corpo e para a detecção de nódulos, a médica Bruna Zucchetti diz que ele não elimina os exames com os profissionais. “O autoexame é importante e até incentivado para que as mulheres se apalpem e se toquem para ver se teve algo que surgiu entre os exames de rotina que se faz anualmente, porque eventualmente pode surgir o que a gente chama de tumor de intervalo, que é aquele tumor que surge entre um exame e outro. Agora esse exame não tem a capacidade de excluir o exame de imagem. Então é preciso fazer os exames”, afirma.

Zucchetti afirma que o câncer de mama não tem uma causa única. Segundo a oncologista, vários fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença. “O câncer de mama tem diversos fatores. 15% dos fatores tem uma causa genética associada, que é uma mutação genética, mas os outros 85% ou 90% não tem uma causa associada”, explica. “A gente sabe de alguns fatores que aumentam as chances, que é bebida alcoólica, tabagismo, o fato das mulheres menstruarem muito cedo, não terem filho ou terem filho muito tarde. Não amamentar aumenta a chance, que a gente sabe que a amamentação é um dos fatores de proteção para o câncer de mama, e a obesidade também é um fator de risco”, detalha.

A médica oncologista reforça que é preciso a realização dos exames preventivos do câncer de mama e que os hospitais estão preparados para receber às pacientes, mesmo em época de pandemia. “É necessário fazer os exames (...). Já está seguro em fazer os exames nos hospitais. Os hospitais, pelo menos os daqui de São Paulo, criaram fluxos independentes dos pacientes com e sem a Covid-19. Então os pacientes que não tem suspeita do coronavírus e que iriam para o hospital só para fazer o exame de rotina, eles não acabam entrando em contato com os pacientes que possuem o vírus”, explica.

Para conscientizar sobre a campanha do Outubro Rosa, a Universidade Santo Amaro (UNISA) realizará palestras e ações sociais como forma de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Dentre as atividades que a Universidade promoverá, estão:

  • Decorações e informativos (panfletos) na UBS Jordanópolis, em São Paulo;
  • Palestras online que serão ministradas pelo curso de Educação Física no Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC);
  • Dicas de nutrição no Instagram Stories (@unisaoficial) e também vídeos no IGTV sobre como fazer exame em casa nas cadelas;
  • Pet Day: exames e orientações gratuitas para cadelas e gatas, que serão realizados no Hospital Veterinário da UNISA (HOVET), Rua José Portolano, 57 – Jardim das Imbuias (SP), dia 29/10 das 9h às 17h;
  • Projeto da Talita Romatti “Doe Lenço Doe Alegria” – estão sendo arrecadados lenços nos Campus I e II da instituição para serem doados ao Banco de lenços da quimioterapia do Hospital IBCC Oncologia – Campus I, Rua Prof. Enéas de Siqueira Neto, 340 – Interlagos (SP), e Campus II, Rua Isabel Schmidt, 349 - Santo Amaro (SP).  


Infográfico: Monique Soares

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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Desemprego cresce 27,6 % nos últimos 4 meses


Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, o mês de agosto teve cerca de 3 milhões de desempregados a mais que o início de maio deste ano.


Por: Livia Alves

Pesquisa divulgada no dia 23 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que, como consequência da pandemia, o mês de agosto terminou com 12,9 milhões de desempregados, quase 3 milhões a mais do que fora registrado no início do mês de maio.

Entre as regiões mais afetadas pelo desemprego, as maiores taxas foram observadas no Nordeste com 15,7%, Norte com 14,2% e no Sudeste 14,0%. As regiões que tiveram taxas inferiores foram Centro-Oeste com 12,2% e Sul com 10,0%. Segundo IBGE, a Região Sul foi a única a apresentar queda da população desempregada.  


Com a flexibilização, a busca por empregos formais e informais voltaram a crescer. De acordo com a pesquisa, agosto encerrou com 27,9 milhões trabalhadores informais. Os dados apontam que apesar do aumento, esses profissionais buscam por empregos formais e com carteira assinada.

A estudante Gabriela Dellamora Paim, que trabalha como tradutora e ilustradora freelancer, afirma ter receios pela falta de segurança da informalidade. “O trabalho informal nos faz perder benefícios importantes, desburocratiza os processos da empresa que nos contrata e coloca vários direitos (trabalhistas) do empregado em risco”, afirma.

Dellamora também comenta como o isolamento social afetou seus negócios, “As empresas deixaram de procurar pessoas do meu ramo por um tempo (no início do isolamento social), mas agora as coisas estão voltando. Ainda sim, querem pagar menos por mais por causa da crise”, diz.

A Ilustradora Gabriela Paim comenta a falta de oportunidades no mercado para pessoas sem especialização, mesmo com experiência. “Não ter currículo com faculdade tem sido uma pedra no caminho. Eu tenho um ótimo currículo como tradutora, só não tenho faculdade. Ainda assim preferem alguém que tenha especialização”, afirma.

A pesquisa aponta que mulheres de cor preta ou parda e jovens entre 14 a 29 anos tiveram um percentual maior de desemprego do que homens e pessoas brancas. Profissionais com nível superior completo ou pós graduados tiveram menores taxas.

Freelance como assistente de loja e garçonete, Deise Godoi aponta que existe preconceito entre os empregadores, e que falta oportunidade para novos trabalhadores. “É bem escasso de oportunidade. Tive problemas com relação ao “padrão”, tenho uma tatuagem chamativa, cabelo curto, sem falar que diversas empresas têm receio de contratar jovens. Acham que jovens não tem uma responsabilidade tão grande”, explica.

Deise também aponta as dificuldades de ter um trabalho que não é formalizado, “No trabalho informal, as vezes eu consigo ganhar mais, mas não é garantido todos os dias porque é muito dispensável o freelancer, é muito substituível. Dependendo do movimento eles param de contratar, sem falar que não tem fundo de garantia, PIS, décimo terceiro, a gente não tem nada disso. Tem trabalho que não tem flexibilidade de horário, eles fazem a gente cobrir um turno, dois”, afirma Godoi.  

O doutor em economia, especialista em finanças públicas e professor da Universidade Santo Amaro (UNISA), André Martins de Almeida, observa que sobretudo os jovens, inclusive os universitários, sempre estiveram entre os mais afetados pelo índice de empregabilidade. “Segundo informações do IBGE-PNAD, em 2019, o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos já era mais do que o dobro do resto da população brasileira. Isto é, a taxa de desemprego entre os jovens estava em 26,6% enquanto da população em geral estava em 12,4%. Agora, durante a pandemia, em nível mundial, com certeza a queda econômica desempregou muito os jovens”, detalha o professor.

O docente da Unisa aponta dados referente aos jovens que, mesmo empregados, também foram afetados pela pandemia, “O diretor do departamento de política de emprego da importante Organização Internacional do Trabalho (OIT), Sangheon Lee disse que “(...) a pandemia da Covid-19 tem um impacto sistêmico, profundo e desproporcional sobre os jovens”. Para Sangheon Lee, mesmo aqueles jovens que permaneceram empregados após o início da pandemia viram as suas rendas caírem por conta da redução das horas de trabalho”, diz.

O especialista comenta que não existe fórmula mágica para resolver esta situação, mas que existem alternativas para que o índice de desemprego diminua. “Mais do que criar programas o governo federal deve estabilizar a economia, isto é, entre outros fatores controlar a inflação, o déficit público e estimular o PIB. Neste ambiente de pandemia, por exemplo, o governo federal poderia estimular o PIB do país por meio de políticas fiscais expansionistas, principalmente atuando na redução da carga tributária do país”, conta.

 


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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Unisa promove I Encontro Virtual de Extensão Universitária

 

Para apresentar a importância da Extensão e os projetos sociais realizados por alunos e professores, universidade realiza evento online para os estudantes


Por Monique Soares,

A Universidade Santo Amaro (UNISA) realizou, nos dias 23 e 24 de setembro, o I Encontro Virtual de Extensão Universitária para apresentar os projetos sociais desenvolvidos pela instituição. O evento, que foi realizado pela primeira vez online, contou com a participação dos alunos de diversos cursos e também dos professores que fazem parte da equipe de coordenação dos programas de Extensão.

A Extensão Universitária da Unisa tem por objetivo promover ações sociais que possibilitam aproximar alunos e professores da comunidade na qual estão inseridos. Desse modo, a instituição busca oferecer programas e projetos que estejam envolvidos com diversas áreas do conhecimento, como Ações de Saúde e Cidadania, Feiras de Profissões, Projetos Educacionais, parcerias com ONGs e entre outros. “Extensão Universitária não é simplesmente fazer o contato com a comunidade e idealizar algumas ações sociais. É algo muito mais profundo e inter-relacionar. Primeiro, há uma indissociabilidade importante entre ensino, pesquisa e extensão, que são os pilares da Universidade. É em torno desses três pilares que tudo acontece”, explicou o professor Dr. Celso Martins Pinto, coordenador de Extensão da Unisa, na abertura do encontro. “É criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais. Em vez de dar o peixe e ensinar a pescar, na Extensão nós sentamos do lado e pescamos juntos (...). É uma troca de conhecimento importante”, afirmou.

No evento online, foi apresentado as oportunidades oferecidas pela Extensão Universitária aos estudantes, como a possibilidade de colocar em prática o conteúdo adquirido em sala de aula. “A Extensão nada mais é do que levar todo este conhecimento que acontece dentro da Universidade fora dos seus muros. É atender a população, dar uma informação mais precisa (...). Seria egoísta da nossa parte deixar tudo guardado com a gente [Universidade] o conhecimento dos professores, aprendizagem dos alunos e não levar isso para a população”, afirmou a professora-mestre Lis Lakeis Bertan, também responsável pela coordenação de Extensão da Unisa.

Além de salientar a importância da atuação dos alunos na elaboração de projetos de Extensão, a coordenadora Lis Lakeis também abordou durante o encontro sobre a contribuição das ações sociais para o fomento de novas pesquisas. “A Extensão só existe se tiver professores, alunos e comunidade. Ai é uma Extensão perfeita. E de preferência também que esses projetos de Extensão possam futuramente virar projeto de pesquisa. Eu vou ter os dados ali: qual foi o impacto com aquela ação de Extensão naquela comunidade? Isso gera pesquisa”, afirmou.


Universidade Santo Amaro (UNISA) realiza o I Encontro Virtual de Extensão Universitária pela plataforma Teams. 

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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), suicídios superam o número de vítimas da Aids pelo mundo. No Brasil, é registrado um caso a cada 45 minutos.


Indíce de suicídio registrados no Brasil. Infográfico por Livia Alves

Por: Livia Alves


Durante o mês do setembro, o tema “saúde mental” torna-se prioridade. Neste período, diversas instituições, inclusive as de ensino, trabalham para incentivar o público na busca por ajuda profissional, como auxílio na luta contra a depressão e outros transtornos psicológicos. Este período ficou conhecido como “Setembro Amarelo”.   

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Em 2013, o Brasil se encontrava em oitavo lugar dentre os países com maior número de casos. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de mortes entre jovens com idade de 15 a 29 anos, perdendo apenas para acidentes de trânsito.

De acordo com o site Comunica Que Muda (CQM), a cada 40 segundos, um suicídio acontece no mundo, e para cada caso, pelo menos 20 tentativas. Já no Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida por dia. Segundo o Mapa de Violência, entre 2002 e 2012, o total de suicídios passou de 7.726 para 10.321, um aumento de 33,6%. Em 2016 (último ano do qual havia dados disponíveis) só no Brasil, foram registradas mais de 13 mil mortes decorrentes de suicídio.  

Como forma de combater o aumento de casos, diversas instituições trazem oficinas e palestras durante o mês de setembro como forma de incentivar a busca por lidar com suas questões psicológicas de forma saudável. Entre essas instituições, a Universidade Santo Amaro (UNISA) disponibilizará palestras online sobre temas voltados para saúde mental na vida universitária, durante todo o mês.

De acordo com a coordenadora de extensão da UNISA, Lis Laikeis Bertan, a universidade tem um papel crucial na disseminação da informação, e fala como esses eventos podem ajudar os alunos. “Ajudam com a orientação e informação para que os jovens e adultos possam se conscientizar dos perigos da ansiedade, da depressão e do suicídio. É importante que as pessoas entendam que é uma doença e que existem tratamento”, afirma Lis.

Segundo a psicóloga Letícia de Carvalho Guimarães, o setembro amarelo não é o protagonista da prevenção à depressão aos jovens, mas um movimento de conscientização “É uma mobilização plural que ajuda a família, a escola e a sociedade em como devemos valorizar conceitos esquecidos como empatia, a escuta e a atenção para os indivíduos, que estão passando pela depressão, e os que necessitam de gatilhos positivos pela preservação da vida”, afirma a psicóloga, que complementa falando sobre o que poderia ajudar nessa luta: “seria na conscientização dos jovens que estão passando pela depressão para entenderem que não estão sozinhos”.

A estudante Gabriela Cleim conta como a orientação de sua professora a ajudou e incentivou a buscar apoio psicológico quando tinha 17 anos de idade, época em que não conseguia sentir motivação para viver. “Passei por experiências novas e percebi que eu estava bastante mal. Eu pensava que era mais fácil eu não existir, que ninguém gostava de mim, que ninguém iria se importar se eu deixasse de existir. Eu só queira ficar dormindo, eu não tinha nenhuma perspectiva boa sobre minha vida. Ter criado coragem para aceitar que eu tinha um problema e precisava de ajuda foi o início de tudo, me ajudou demais”, afirma Cleim. E completa: “continuo a me descobrir e a me desenvolver e isso tudo foi graças a uma professora que eu tive, ela foi a pessoa que me ajudou e me incentivou a evoluir em todos os sentidos”.

O estudante de direito Otávio Otto dos Santos conta que seu primeiro contato com psicólogos foi no primário, aos 8 anos de idade. As consultas duraram por cerca de um ano, e depois aos 18 anos voltou a se consultar por conta própria. Otto observa que existe uma falta de atenção por parte das instituições de ensino, quando se trata da saúde mental dos alunos, “Nesse intervalo (entre os 8 e 18 anos), não houve intervenção da escola. A impressão que tenho é que vão parando de dar importância a esse tipo de problema conforme você cresce”, afirma o estudante.

Atualmente, Otto se consulta periodicamente, o que o ajudou a lidar com um acidente que o deixou paraplégico aos 29 anos. “Você tem que resinificar sua vida inteira, tem pessoas que lidam com isso bem, mas não é todo mundo que consegue fazer isso (...), passam a te olhar diferente. Estou em processo de recuperação há 3 anos, e eu já pensei em acabar com tudo várias vezes. É um processo, não é uma coisa instantânea que você vai falar uma vez (com o psicólogo) e vai resolver seus problemas, é algo trabalhoso. E comigo foi importante porque me faz repensar a minha condição, me ajuda a encontrar soluções, a lidar com a dor, com a perda e principalmente com a raiva, porque você fica muito revoltado, muito infeliz com a situação”, afirma.

Apesar do incentivo, saúde mental ainda é considerado um tabu dentro da sociedade, visto por muitos como desnecessário. Segundo pesquisa da Secretaria de Saúde do governo do Estado do Paraná, a maioria das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental”, pensa em “Doença Mental”, o que causa um estranhamento quanto à busca por apoio psicológico, e muitas vezes, as pessoas que sofrem com o transtorno não sabem que precisam de ajuda.

A psicóloga Letícia de Carvalho fala sobre os sintomas da depressão. “Quando o indivíduo oferece sinais como: isolamento, tristeza prolongada, apatia, falta de apetite, queixas como “quero ir embora desse mundo, não sirvo para nada, não sou aceito”, dentre outros aspectos de mudança de comportamento”, afirma a psicóloga. Letícia também comenta que transtornos psicológicos nem sempre são visíveis para outras pessoas. “Muitos indivíduos, que têm depressão, vivem em um lugar comum na sociedade, saem, namoram, vão para festas, mas quando há um pico depressivo, é onde o perigo está. E muitos gatilhos negativos como traumas, bullyings e maus tratos podem levar a tentativa do suicídio”, diz.

Existem diversas instituições que se colocam em apoio a luta contra a depressão. Instituições de saúde como o Sistema Único de Saúde (SUS). Oferecem apoio psicológico gratuito. Em caso de emergência, o telefone 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento profissional 24h por dia, podendo ser acessado também pela internet.  


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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Ambiente de trabalho negativo causa a depressão

 

Excesso de tarefas, rotinas exaustivas, pressões para o cumprimento de metas e grandes cobranças por melhoras de desempenho podem contribuir para o aparecimento da doença

 

Por Monique Soares,

Dentre as doenças de transtorno mental que podem provocar situações de afastamento no trabalho, está a depressão. Segundo os especialistas da saúde, essa é uma enfermidade que afeta diretamente no desempenho dos profissionais no ambiente corporativo e também na gestão das empresas. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a doença mais incapacitante para o trabalho no mundo em 2020. No Brasil, cerca de 5,8% da população sofre com o transtorno, o que corresponde a 12 milhões de brasileiros com depressão. Essa é a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

A depressão pode ser motivada por diferentes fatores, sejam eles genéticos, biológicos, psicológicos, externos ou sociais. No caso do ambiente de trabalho, este pode contribuir para o desenvolvimento da doença, especialmente quando se trata de climas organizacionais de grande pressão para o atingimento de metas, bem como de competitividade e de má gerência. “A gente sabe que a produtividade, a capacidade de criatividade e a motivação maior estão ligados a um ambiente de apoio e de compreensão, mas as empresas acabam tendo uma postura de muita pressão para o cumprimento de metas. Isso acaba sendo um aspecto bastante negativo, principalmente para quem já tem a vulnerabilidade genética para depressão”, explica o médico psiquiatra Guilherme Lozi Abdo, diretor clínico da Clínica Modulare.

As pessoas com depressão costumam apresentar alguns sintomas característicos, como a falta de motivação, o desânimo e a tristeza crônica. Segundo o psiquiatra, a doença pode fazer com que o funcionário diminua o ritmo da produtividade e tenha mudanças de comportamento no local de trabalho. “A pessoa tende a ter uma produtividade mais baixa, uma dificuldade maior de lidar com os companheiros de trabalho. Às vezes tende a ter um isolamento, um comportamento até mais irritado, mais impaciente, mais intolerante. Atrasos. Às vezes a pessoa acaba não tendo a capacidade mais para cumprir os próprios prazos. Atrasos tanto na entrega do que precisa ser feito quanto para cumprir sua carga horária na empresa”, detalha. “Ainda existe um certo preconceito, por mais que as pessoas falem sobre isso. Ainda, infelizmente, as pessoas fazem uma associação da depressão com a fraqueza, que a pessoa não está lidando com as próprias questões e pressões. Não é todo mundo que enxerga a depressão como um transtorno mental grave, uma doença grave”, afirma.

Para a psicóloga clínica e professora da Faculdade Faatesp, Vera Mendes, é de extrema necessidade que as empresas e os gestores estejam atentos aos sinais de depressão no ambiente corporativo. “Estar atento a esse meio é extremamente importante. Ter alguém nessa empresa que consiga ir lá e perguntar: ‘Oi, bom dia, como está se sentindo?’. Isso normalmente é um papel da qualidade, um papel do RH, um papel da CIPA, que tem esse olhar para o funcionário – ‘Como é que você está? Como está sendo a pandemia para você? O que está mudando na sua vida?’. Esse seria o ideal, mas nós sabemos que numa empresa grande isso acaba sendo quase que inviável”, afirma.

Diante da pandemia gerada pela Covid-19, milhares de brasileiros tiveram que aderir ao sistema de trabalho em casa, o que tornou o contato entre funcionário e empresa à distância. Com o estresse do confinamento e impactos na saúde mental das pessoas, o psiquiatra Guilherme Lozi diz que o mais apropriado no atual momento é que as organizações adotem medidas de prevenção da depressão. “A pandemia nada mais é que mais um aspecto expressor externo que contribui para que a gente tenha um aumento da incidência dos casos de depressão (...) As empresas nesse sentido poderiam até, acho que uma questão interessante, fazer um trabalho preventivo para que as pessoas não adoeçam numa frequência um pouco maior do que a gente normalmente já vê”, aponta.

Ainda em relação ao ambiente de trabalho, a psicóloga Vera Mendes salienta que as empresas precisam estabelecer uma estrutura de apoio ao funcionário diagnosticado com o transtorno. “A partir do momento que as pessoas percebem que tem alguém com depressão, é preciso encaminhá-la para uma avaliação psiquiátrica ou psicológica. Oferecer apoio, conservar – ‘Olha, estou aqui. Se você precisar, eu posso te ajudar’. A empresa ou os funcionários têm que ter esse olhar de apoio, de encaminhamento, de conversa, deixar a porta para essa pessoa quando ela quiser conversar. Orientar essa pessoa. Por isso que o RH é importante, porque ele pode desenvolver palestras, dinâmicas, espaços de terapia de grupo dentro da empresa para falar um pouco sobre isso”, afirma.

Já para evitar o assédio moral dentro das organizações que pode desencadear a depressão, o psiquiatra sugere que as empresas invistam em canais de comunicação para que as pessoas consigam denunciar esse tipo de acontecimento. “As empresas que estão buscando um cuidado maior devem facilitar um canal de comunicação para que os funcionários possam falar sobre o ambiente de trabalho em si. Uma vez que eles conseguem eventualmente denunciar comportamentos abusivos em relação às superiores, aos seus chefes, aos seus gestores, isso pode ser interessante para que a empresa fique atenta e consiga modificar o ambiente de trabalho para um local com mais postura de compreensão e positividade”, explica.

Nas organizações há também a implantação da gestão humanizada, que proporciona aos funcionários um ambiente de qualidade, mesmo com metas a serem cumpridas no dia a dia. Além de poder garantir a saúde mental dos colaboradores e prevenir a depressão, a psicóloga Vera Mendes explica que essa gestão contribui tanto para o lucro da empresa como também para o crescimento. “A gestão humanizada ela traz uma satisfação do funcionário na atividade a ser executada. Ela se preocupa com a pessoa e não só com a produção (...) A partir do momento que esse funcionário ele está satisfeito, ele se sente aceito, ele percebe que a empresa está investindo no bem estar dele, a empresa só tem a ganhar. Com o funcionário satisfeito, a empresa consegue lucrar e, juntos, obter crescimento”, afirma.




Infográfico: Monique Soares


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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Pandemia atinge a educação

 Com a suspensão das aulas presencias, escolas precisaram se adaptar ao ensino à distância

 

Por Monique Soares,

Diversos setores foram afetados pela pandemia da Covid-19, inclusive a educação. Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelecer medidas de distanciamento social para reduzir a propagação do novo vírus (Sars-CoV-2), escolas tiveram que transformar as aulas presenciais em remotas. Segundo os dados da Unicef Brasil, cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes precisaram deixar o ambiente escolar devido ao atual cenário mundial; dos que estavam matriculados antes da pandemia, 4 milhões não conseguiram dar prosseguimento as atividades escolares em casa.

Apesar das aulas online se tornarem a principal alternativa de estudo por conta do fechamento das escolas, o período de pandemia escancarou a desigualdade digital presente no país. Os dados da pesquisa feita pelo TIC Kids Brasil (2019), divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, apontou que 4,8 milhões de crianças e adolescentes não possuem acesso à internet. Além disso, outra pesquisa realizada pelo TIC Educação Brasil (2019) revelou que 39% dos estudantes de ensino público não contam com um computador ou tablet na residência. Dessa forma, milhares de alunos foram prejudicados por não terem condições de fazer o acompanhamento das aulas virtuais.

De acordo com a coordenadora da área de educação do Instituto Alana, Raquel Franzim, o longo período de afastamento do ambiente escolar pode ocasionar em impactos negativos para as crianças. “Referências internacionais mostram que quanto maior o tempo afastado da escola, mais prejuízo isso traz para crianças e adolescentes, especialmente o risco de abandono escolar e evasão”, aborda. Ainda segundo a coordenadora, o distanciamento social causado pela pandemia do novo coronavírus prejudicou nos processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, em especial as que se encontram em situações de maior desigualdade social e educativa. “Essas crianças, elas costumam ser as crianças moradoras de regiões mais periféricas, crianças e adolescentes negros, crianças que já vivem situações de bastante fragilidade econômica e social. Portanto, ausência da escola, ausência prolongada que já vivemos em cinco meses, ela acarreta sim um impacto nas bases dessas crianças”, explica.

Além dos estudantes, professores também tiveram de enfrentar desafios com o ensino à distância. Segundo Cláudio Marta de Carvalho, professor de história na Escola Estadual Gertrudes Eder, na cidade de Itapecerica da Serra (SP), nem todos os profissionais da educação apresentam uma formação tecnológica, o que foi considerado um dos principais obstáculos para continuar as aulas online. “Muitos professores não tem esse acesso, não tem essa estrutura e também não tem essa competência tecnológica. Muitos professores, inclusive, que já são idosos, não tem como estar usando um aparelho de smartphone para poder estar mandando conteúdo para os alunos ou estar fazendo esse acompanhamento”, conta. Outra dificuldade apontada pelo professor em relação às aulas remotas foi também a questão da pouca interação com os alunos. “Em sala, mesmo que eles não fizessem a atividade, você conseguia alcançar a sala em 100%. Com essas ferramentas de tecnologia, você não alcança nem 20% desses alunos. Essa acaba sendo uma das maiores dificuldades”, detalha.

Uma pesquisa do Datafolha referente aos estudos em casa de alunos das redes pública municipal e estadual no Brasil, mostrou que a desmotivação dos estudantes passou de 46% em maio para 51% em julho. Perguntada sobre quais alternativas podem ser consideradas para enfrentar tal problema, a coordenadora Raquel Franzim explicou que o ideal é que os sistemas educacionais selecionem as atividades mais importantes para serem realizadas no momento de confinamento domiciliar.  “É importante que as secretarias municipais e estaduais de educação e as escolas considerem quais são as atividades mais essenciais ou mais significativas para ocorrer nesse período de isolamento social”, explica. Já para evitar casos de abandono e de evasão escolar, Raquel considera que secretarias de educação e também as escolas precisarão desenvolver estratégias de busca ativa para poder identificar os alunos que são mais vulneráveis em abandonar a escola. “(Essa) busca ativa é um mecanismo de identificação de crianças e adolescentes que podem dar pistas ou dar sinais de possível abandono escolar (...) Neste momento, durante a pandemia, as escolas já podem ir também identificar famílias que tem maior vulnerabilidade social em que os estudantes corram um risco maior de ingressar ou em atividades domésticas para auxiliar os pais ou em atividades de trabalho fora de casa para apoio à família”, detalha. 

O professor Cláudio Marta complementa ao dizer que é preciso um trabalho conjunto da comunidade escolar para haver uma recuperação eficaz dos alunos em um cenário de retorno às aulas e também para evitar a evasão escolar. “Nós temos que pensar lá na frente: como é que vamos resgatar esse aluno ou esse adolescente para que ele não fique não só desmotivado, mas que de fato ele não se mantenha nesse processo de evasão? É todo aquele processo de acolhimento emocional, de orientação dos estudos e de atividades que sejam mais culturais e mais lúdicas, trazer o aluno para ser pertencente à escola. E esse é um trabalho que tem que ser feito por toda a comunidade escolar, como professores, inspetores, profissionais da secretaria e também os pais”, explica.



Infográfico: Monique Soares

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