sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Parques municipais e estaduais voltam a abrir em SP

 

O prefeito de São Paulo Bruno Covas anuncia a reabertura de 70 dos 108 parques municipais e estaduais.


"Parque Ibirapuera Conservação visto do mirante do Museu de Arte Contemporânea". Foto: Livia Alves

Por: Livia Alves

A partir do dia 24/08, 70 dos 108 parques de São Paulo voltaram a funcionar no horário tradicional, com exceção dos finais de semana. Dentre esses locais, o Parque Ibirapuera Conservação, Chácara do Jóquei e o Parque do Povo já estão em funcionamento. A decisão foi anunciada pelo prefeito Bruno Covas, no dia 21/08 numa época em que a cidade já havia instaurado a fase amarela da quarentena, em que os estabelecimentos podem funcionar até 8h diárias.

Com o objetivo de reduzir o contágio pelo coronavírus, o fechamento dos parques foi uma medida necessária para incentivar o isolamento social e, diminuir aglomerações. Apesar da reabertura, eventos sociais, academias ao ar livre e até mesmo os bebedouros estão restritos para manter os cuidados necessários.

De acordo com o ilustrador Caio Zelotek, a reabertura é algo positivo e fará bem a saúde, tanto física quanto mental da população. “As pessoas precisam sair para caminhar, se exercitar mesmo com a situação atual, desde que usem máscaras e cumpram com as medidas de higiene (...) é apropriado para a saúde mental”, afirma Zelotek.

O velocista Natanyel Thomas acredita que é cedo para essa mudança. “Fico feliz por voltarmos a ter acesso aquele maravilhoso lugar, repleto de história e cultura, sem falar no contato com a natureza. Porém, é muito cedo, ainda não temos cura nem vacina para esse vírus”, diz Thomas.   

Como medida de prevenção, alguns parques, como o Parque do Carmo, fizeram marcações no gramado como forma de evitar aglomerações. Porém, a reabertura tem divido opiniões tendo em vista que, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa, São Paulo é o primeiro na lista de casos de coronavírus no Brasil, passando da marca de 29.000 mortes.

O enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, que atuou na linha de frente da luta contra o coronavírus, fala sobre a falta maturidade da população em adotar medidas para a reabertura. “É bem complicado fazer uma reabertura total ou parcial, não é uma boa atitude porque a população ainda não está preparada. O público geral não tem maturidade em usar a máscara e o álcool em gel. Apesar do número do contágio estar diminuindo gradativamente, e com uma boa redução dos leitos da UTI, precisamos que as pessoas estejam cientes antes de fazer uma reabertura como essa”, pondera Jancowski.

O enfermeiro também fala sobre como essa situação pandêmica tem afetado os profissionais da saúde. “Os trabalhadores da saúde estão exaustos. Eu trabalhei especificamente na linha de frente da covid-19, por alguns meses, sai recentemente e, inclusive fui o primeiro da minha equipe a ser contaminado pelo vírus. Eu acredito que precisamos manter o isolamento e principalmente monitorar a curva de contágio”, complementa Janckowski.

Share:

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Pandemia muda perspectiva dos brasileiros sobre vacinação

 

Embora o contexto da Covid-19 tenha causado uma mudança positiva em relação às vacinas, especialistas ainda se preocupam com a baixa cobertura vacinal

Por Monique Soares         

Uma pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, revelou que o período de pandemia do novo coronavírus despertou a atenção dos brasileiros para o tema vacinação. O estudo foi feito com duas mil pessoas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador, e mostrou que 27% da população passou a se informar mais sobre vacinas e também a considera-las importante na prevenção de doenças. Por outro lado, o isolamento social provocou a diminuição na procura de outras imunizações que são apontadas como essenciais por especialistas da área da saúde.  

A médica pediatra e diretora do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA), Jane de Eston Armond, considera que o cenário de pandemia da Covid-19 contribuiu ainda mais para a baixa adesão das pessoas às campanhas de vacinação. “Nós já estávamos vendo uma resistência à vacinação e com a pandemia então, isso se agravou, porque além da resistência que já estava vindo algum tempo nós tivemos a chegada do isolamento social. As pessoas estão receosas em sair de casa. Então isso contribui para uma diminuição da imunização”, explica. “A imunização da gripe, nós ficamos estendendo a campanha praticamente até agora e é uma coisa que as pessoas precisariam se vacinar, porque se a pessoa tem um sintoma vital mas tem uma vacinação da gripe prévia, consegue perceber que não é H1N1, que não é influenza A ou B, mas que pode ser até um coronavírus. Então isso facilita o diagnóstico”, detalha.

A pesquisa do IBOPE Inteligência também apontou que 33% dos pais atrasaram a imunização dos filhos devido à pandemia ou desconhecem a atual situação da carteirinha vacinal. Para o pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, o atraso nas vacinas das crianças é algo preocupante e acredita que esse número apresentado no estudo possa ser maior. “Nos preocupa e muito esse atraso porque isso a pesquisa está mostrando, mas os nossos números de pesquisa de cobertura vacinal no Brasil mostram um número provavelmente bem maior do que esse apontado no estudo”, afirma. “Se nós já tínhamos baixas coberturas que estavam sendo destacadas nos últimos anos, tanto que em 2019 nenhuma das vacinas do primeiro ano de vida nós conseguimos coberturas adequadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), com a pandemia levou-se uma queda que alguns calculam que possa ser até de 40% ou 50% nas coberturas vacinais que já eram baixas”, detalha.

Cerca de 18% do público entrevistado demonstrou incerteza sobre se vacinar ou vacinar familiares em meio ao isolamento social, pois não sabe ao certo se é seguro sair de casa para tomar vacina. Ainda segundo o estudo, esse número sobe para 23% na faixa etária de 25 a 34 anos. A médica pediatra Jane de Eston explica que é necessário que a população tenha consciência sobre as vacinas mesmo em época de pandemia. “Óbvio que nós temos que nos preservar, sair de casa quando for necessário, fazer todo o protocolo de prevenção à Covid-19. Porém, a vacinação ela é importantíssima. Então, você sair de casa obedecendo ao distanciamento social e voltar para casa com todos os cuidados, isso é imprescindível. As pessoas estão pensando na Covid-19, mas as outras doenças que continuam? As outras continuam e, então, as pessoas precisam pensar nisso sim”, diz.

Com o assunto vacina em alta na sociedade, o pediatra Juarez Cunha diz que os profissionais da área da saúde devem aproveitar o momento para conscientizar os brasileiros sobre a aplicação das vacinas rotineiras. “O assunto vacina e covid-19 circulou muito e continua circulando. Isso também desperta a atenção das pessoas por vacina (...) Enquanto não tivermos uma vacina para Covid-19, nós temos que estimular a aplicação das vacinas rotineiras. Então isso cabe aos profissionais da área da saúde, todas as pessoas envolvidas na área da saúde, em estimular a realização das vacinas que são recomendadas como rotina”, afirma. 


Share:

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Espaços culturais passam a funcionar virtualmente

 

Pontos turísticos mundialmente conhecidos são disponibilizados gratuitamente em plataformas digitais.


Por Livia Alves

Devido a crise causada pelo coronavírus, diversas atrações turisticas pelo mundo foram fechadas para evitar aglomeração. Em uma iniciativa para permitir o acesso a cultura, a administração museus e regiões famosas, disponibilizaram virtualmente um tour gratuito por lugares como o museu do Louvre, Gran Canyon, Taj Mahal, Egito antigo e muitos outros.

Nessa viagem pelo mundo, o Brasil não ficou de fora ao mostrar vários locais como o Museu Casa de Portinari, Pinacoteca, Museu Oscar Niemeyer, Museu Nacional, que sofreu uma grande perda com o incêndio em 2018, e até mesmo a Amazônia.

A iniciativa tem aberto espaço para a diversificação cultural. De acordo com o fotógrafo Sérgio Carvalho, museus que muitas vezes não eram conhecidos por pessoas de determinadas regiões, podem passar a ser acessíveis, “A digitalização de acervos tem um potencial gigantesco para atingir principalmente o público jovem e carente de equipamentos culturais, como populações de periferia e que vivem distante das grandes capitais, onde geralmente estão esses museus.”, afirma Carvalho.

Os sites podem ser acessados por qualquer tipo de computador e smarthphone, porém, de acordo com Felipe Andrade dos Santos, Estagiário de Rádio TV da Universidade Santo Amaro (UNISA), pode ser um pouco complicado para aparelhos mais antigos. “Reparei que em certos sites o modo de visualização deixou a desejar, por ser criado para se navegar pelo computador. Deixou um pouco desconfortável para quem tem acesso pelo celular e tem um computador antigo, que foi o meu caso com o site do Grand Canyon, mas sem dúvida é uma experiência bem divertida”, conta Andrade.

A situação atual tem obrigado diversas instituições a disponibilizarem seus acervos. Segundo o professor e pesquisador na área de comunicação e estética, Guilherme Sardas, uma das grandes vantagens é a confiabilidade desse conteúdo, pelo mesmo vir direto da fonte, além da ampliação do público. “Esse crivo de curadoria extremamente especializado a um público, que é uma quantidade de pessoas que não teriam condições de viajar e pagar pelo seu ingresso. É uma situação atípica, a pandemia gerando um processo de democratização da cultura e da arte. As instituições tiveram que achar alternativas criativas para continuarem exercendo seu papel na sociedade.”, afirma o professor.

Apesar dessa novidade ser uma adaptação por conta da pandemia, de acordo com Sardas existe a possibilidade de que isso venha ser uma tendência num mundo pós pandemia. “Eu acredito que nasce uma nova era em que a internet vai possibilitar imersões cada vez mais profundas que não vão substituir o contato presencial, mas que vão chegar muito próximo disso, portanto, é uma nova forma de divulgação da cultura na nossa sociedade no século 21.”, afirma. 

Share:

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Governo discute o fim da meia entrada.

 

Após pesquisa realizada pela Ancine, Ministério da Economia se posiciona favorável ao fim do benefício


Por Livia Alves


A Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em 2013, voltada para estudantes, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda entre 15 e 29 anos, que tem como objetivo garantir o acesso à cultura, prevê o uso do benefício. Porém, de acordo com pesquisa realizada pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), o consumo de 2019 foi maior que a porcentagem da população brasileira.


Segundo análise da Ancine, 80% dos ingressos de cinema consumidos em 2019 tiveram algum acesso a esse benefício. A estimativa é que 96,6 milhões de pessoas sejam atingidas pela lei federal. Após a pesquisa ser divulgada, a Secretária de Advocacia da Concorrência e Competitividade se posicionou afirmando ser a favor de extinguir o auxílio.

O benefício tem facilitado para os grupos assistidos o acesso a diversas formas de cultura. A produtora de conteúdo digital e estudante do ensino médio, Lis Ferro, fala sobre como essa mudança poderá afetar seu dia a dia. "A lei da meia-entrada surge para mim, como um estímulo aos estudantes e professores para que consumam cultura, com toda certeza reduziria a minha ida em cinemas, teatros e museus", afirma.

A produtora também comenta que a mudança pode ser prejudicial para a formação dos estudantes "Muitos jovens deixarão de consumir a cultura, o que é extremamente prejudicial, já que esses estão em processo de formação. Além disso, o estímulo ao cinema e teatros brasileiros seriam reduzidos drasticamente, deixando a nossa cultura em Segundo plano.", diz.

A possibilidade da mudança divide opiniões. De acordo com o professor e diretor audiovisual e teatral, Wellington Dias, o fim da meia entrada pode ser um incentivo para que as pessoas passem a consumir as culturas populares e regionais. "Toda semana temos inúmeras atividades culturais acontecendo e de graça em vários locais, como saraus, peças, show, e oficinais culturais. Então primeiro precisamos quebrar esse estigma de que cultura é algo inacessível ou pior, que cultura é um bloco segmentado de atividades. A cultura é ampla e esta disponível para quem buscar em qualquer casa cultural ou centros comunitários de seu bairro", afirma Wellington.

O professor também comenta sobre como a retirada da meia entrada pode afetar financeiramente outros estabelecimentos nos shoppings "Tem um lado cultural nisso. Pessoas gostam de promoções e descontos. Além de grande parte dos cinemas estarem dentro de shoppings, complementando os passeios, é uma cadeia de consumo bem ligada, tirar a meia entrada pode arranhar um pouco esse interesse em ir aos shoppings. Muito embora ir ao cinema vá se manter, será com menos frequência." fala Dias.

O ministério da economia afirma que a meia-entrada apenas distorce os preços por fazer aumentar os custos para o consumidor, “Como consequência, os grupos que dela fazem uso (da meia entrada) são iludidos, pois praticamente não usufruem de benefício algum“, afirma em comunicado enviado à imprensa. 

Share:

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Universo digital invade a vida das crianças e adolescentes

 

Isolamento social contribui para que os jovens estejam ainda mais inseridos no ambiente virtual

Por Monique Soares,

Educar os filhos em um mundo cada vez mais tecnológico tem sido um desafio para os pais, em especial após o início da pandemia do novo coronavírus. O atual cenário mundial transformou a convivência presencial em online, o que intensificou a entrada de crianças e adolescentes na internet.

De acordo a pesquisa TIC Kids Brasil (2019), divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, cerca de 89% da população brasileira, entre 9 e 17 anos, estão conectados à internet, o que corresponde a 24,3 milhões de crianças e adolescentes no ambiente online.

A confeiteira Sônia Ferreira, mãe da Sophia, de 8 anos, diz que o período de isolamento social aumentou o desejo da filha de ficar mais tempo conectada no mundo digital. “Por conta da pandemia e da recomendação que é de ficar em casa, a distração favorita é o uso da internet e de aparelhos eletrônicos. Quando não é usado para estudar, é usado para jogar ou ver vídeos no YouTube. Com isso, a cada dia que passa, parece que o desejo de ficar perto de alguma tecnologia aumenta”, conta.

Ela também explica que para equilibrar o acesso à internet e monitorar os estudos da filha, que está no 2º ano do ensino fundamental I, precisou estabelecer alguns horários. “Primeiro, ela realiza as atividades escolares, depois ela descansa um pouco que é normalmente no horário do almoço e então, na parte da tarde, olhamos a atividade que ela fez para ver se está tudo certo. Depois, ela fica mais um pouco no celular, jogando ou vendo algum vídeo e normalmente intercalamos esse período com alguma brincadeira com os brinquedos que ela gosta”, detalha.

Para a pesquisadora do programa Criança e Natureza do Instituto Alana, Maria Isabel Amando, o principal desafio dos pais no atual contexto de confinamento domiciliar é fazer com que o ambiente digital proporcione boas experiências aos filhos. “A internet tem oportunidades incríveis de aprendizagem para as crianças e adolescentes. Mas o desafio está em experimentá-la da melhor forma”, conta. “O melhor uso é onde a criança é protagonista, onde ela está criando alguma coisa que faça parte e que faça sentido para ela. Por exemplo, uma criança que olha mais receitas na internet, ou que faz vídeos sobre as plantinhas que estão cultivando para mandar para os amigos e familiares, ou que aprende a usar um aplicativo para fazer desenhos melhores. Quando a criança usa os recursos da internet para avançar seus próprios interesses, ela está fazendo um uso saudável e de qualidade”, explica.

Embora a internet seja um espaço de aprendizagem durante o isolamento social, ela também pode oferecer conteúdos inapropriados para as crianças e adolescentes, como pornografia, violência, intimidação online e bullying virtual. Segundo a psicóloga da infância e adolescência, Mariane Brito, é de extrema importância que os pais acompanhem a vida virtual dos filhos, mas ressalta que isso precisa ser feito por meio da conversa e da relação de confiança. “O importante é a construção de uma relação de confiança entre pais e filho, a conversa entre eles devem ser aberta e sincera, permitindo que os pais acompanhem as atividades e relações de seus filhos. Essa medida é sentida no dia-a-dia e estabelecida nessas conversas, de comum acordo”, afirma.

       A pesquisadora Maria Isabel acrescenta que nesse momento de pandemia os pais devem prestar mais atenção nos sentimentos das crianças e menos no tempo de uso da internet. “Agora não dá mais pra gente contar quantas horas as crianças estão passando na internet, porque as aulas estão sendo online, as conversas estão sendo online, a diversão está sendo online. Então, a gente tem que prestar a atenção nos sentimentos e conversar com as crianças sobre o uso das plataformas e dos aplicativos”, finaliza.

Share:

Marcadores