segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Novembro azul: homens deixam de ir ao médico na pandemia

 Em função da Covid-19, público masculino tem deixado de fazer consultas regulares ou tratamento médico, o que pode ter impacto no diagnóstico de câncer de próstata


Monique Soares,

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em outubro deste ano, mostrou que 55% dos homens acima dos 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico por conta da pandemia da Covid-19. Esse dado pode ter impacto, por exemplo, no diagnóstico de câncer de próstata, que é o tumor mais frequente entre a população masculina.

Ainda de acordo com os dados da SBU, 57% desse grupo acima dos 40 anos afirmaram ter percebido um impacto negativo na saúde neste período de pandemia, enquanto 9% consideraram que a saúde estaria pior do que antes.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 65.840 novos casos de câncer de próstata surjam em 2020 no Brasil, com 15.576 mortes relacionadas. “O homem historicamente já não é muito afeito a fazer exames de rotina. Ele já tem uma dificuldade, que tem melhorado ao longo dos anos. Mas ele ainda é bem mais resistente do que as mulheres. Então, se a gente somar isso, que já acontece de maneira rotineira, com o fato de que a pandemia inibiu mais ainda os homens de ir ao médico, temos um problema grande para resolver nos próximos meses”, afirma o médico urologista Dr. Luis Cláudio Heitzmann.

Segundo o urologista, a realização dos exames de rotina para diagnóstico de câncer de próstata é extremamente importante para que a doença seja descoberta ainda em fases iniciais, o que pode aumentar as chances de cura. “Quando você faz um diagnóstico precoce, você pode também fazer um tratamento precoce. E as chances de cura são muito altas. O câncer de próstata tem uma característica que, na maior parte das vezes, ele é um câncer de crescimento lento. Então se a gente consegue pegar ele nas fases iniciais, e empregando o tratamento correto, conseguimos praticamente curar a pessoa”, afirma Heitzmann.

Em relação aos sintomas, o urologista explica que o tumor da próstata não costuma apresentar sinais quando está em estágio inicial. “O câncer de próstata, em geral, nas fases iniciais, ele é silencioso. Por isso a gente pede para o paciente ir rotineiramente ao urologista, uma vez ao ano, independentemente de sintomas. (...) Quando o paciente tem sintomas e descobre que é o câncer de próstata que está causando esses sintomas, normalmente é quando a doença já está no estágio mais avançado”, explica.

Heitzmann também alerta sobre os hábitos que podem ajudar a prevenir o câncer de próstata. “Alimentação saudável, evitar a obesidade e combater o sedentarismo - é importante manter práticas de atividade física regulares, porque isso vai ter impacto na evolução do câncer de próstata. Evitar vícios, como álcool e fumo, que podem atrapalhar e aumentar os riscos de câncer de próstata”, explica o urologista. “Prestar a atenção nos fatores que a pessoa já pode ter com relação a ser negro, porque quem é negro tem uma predisposição maior a desenvolver o câncer de próstata. E aqueles homens que tem familiares de primeiro 1º grau com o câncer de próstata na família, como pai, tio e irmão”, alerta o médico.

Para conscientizar sobre a campanha do Novembro Azul, a Universidade Santo Amaro (UNISA) realizará palestras e ações sociais como forma de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Dentre as atividades que a Universidade promoverá, estão:

  • Ciclo de palestras online;
  • Distribuição de folders aos pacientes na UBS Jordanópolis, em São Paulo;
  • Postagens no Instagram Stories (@unisaoficial);
  • Distribuição de fitas azuis para os colaboradores da Instituição;
  • Participação dos professores e coordenadores, com a disponibilização de slides alusivos à causa da campanha. 



Infográfico: Monique Soares



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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Músicos retomam as atividades em São Paulo

 Com a reabertura parcial dos estabelecimentos, artistas rua, em geral, retomam aos poucos o dia a dia


Por: Livia Alves

Devido ao isolamento social causado pelo Coronavírus, diversos artistas como músicos ficaram desamparados sem sua forma principal de renda. Com a cidade de São Paulo entrando em fase amarela, e aumentando a circulação de pessoas sobretudo no centro da cidade, alguns desses músicos passaram a reocupar seus pontos de shows e busca por retomar essa renda perdida.

A cantora e editora Nega Preto NP comenta sobre a quarentena ter afetado sua renda. “Os shows eram o que me garantia algum retorno, mesmo que vendendo CD's. É raro ter algum evento que possa ‘rolar’ sem aglomeração contratando artistas menos consolidados na cena nacional. Sobraram pouquíssimas coisas e o auxílio (emergencial) veio a ser bem útil”, afirma NP. A cantora também fala sobre como isolamento social proporcionou um novo público, porém, não é o suficiente para complementar a renda. “Felizmente ainda rolam alguns (eventos) online, mas nem todos remunerados. O lado bom foi que isso trouxe um grande público para acompanhar as redes sociais e plataformas digitais”, destaca.

O cantor Vinidarima afirma que antes da pandemia sua remuneração vinha de suas apresentações em trens e metrôs. “Antes eu tirava só uma renda com isso, hoje vivo, sobrevivo e existo por e com música. Em relação a antes da quarentena, ainda está escasso, mas acho que em comparação, hoje em dia o movimento é maior de desde o começo (do isolamento social)”, explica.

Diferente do Vinidarima e da cantora Nega Preto, Luz começou sua carreira musical durante a pandemia. “Comecei a me apresentar na quarentena, depois da flexibilização, nos metrôs de São Paulo. Agora que sobrevivo da arte (...). Por ter começado a cantar durante a quarentena, não vi muita coisa, mas cantar de máscara é incômodo, não poder ver o sorriso das pessoas é incômodo”, diz Luz.

Apesar da mudança beneficiar este grupo que tem sofrido com a falta de trabalhos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a afirmar que o isolamento social é necessário. A prática de cantar e tocar instrumentos dentro dos metrôs e trens, apesar de não permitida pelo governo, são muito comuns na cidade de São Paulo.


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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Pandemia afeta saúde mental dos empreendedores

 

Estudo feito pela consultoria Troposlab, em parceria com a UFMG, aponta que os níveis de estresse, ansiedade e depressão de empreendedores foi parecido com os de profissionais de saúde

Monique Soares,

Assim que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, empreendedores precisaram se reinventar e estabelecer novas estratégias em tempo recorde para dar continuidade aos negócios. No entanto, esse processo de adaptação ao novo cenário trouxe ainda mais pressão e incerteza no empreendedorismo, o que resultou em uma mescla de estresse, ansiedade e depressão.

É o que apresenta a pesquisa realizada pelo núcleo da consultoria Troposlab, empresa especializada em inovação, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo, pioneiro no Brasil, teve a participação de 653 empreendedores de quase todos os estados brasileiros entre 4 e 25 de junho.

No levantamento foi observado que 51,1% dos empreendedores tiveram a vida afetada pela pandemia, enquanto 24,9% disseram que a vida foi muito afetada nesse período. Em relação à necessidade de acompanhamento e cuidados com a saúde mental e início do uso de medicamentos, como antidepressivo, ansiolítico ou ambos, foi relatado uso por 15,16% dos entrevistados.

O relatório de pesquisa também apontou que as mulheres apresentaram maior intensidade de sintomas para ansiedade (28,5%) e depressão (10,4%) quando comparadas aos homens (22,2% de ansiedade e 3,4% com depressão). Segundo a pesquisadora da Troposlab e que está à frente do estudo, Marina Mendonça, o grupo de mulheres é diferente do grupo de homens para a população de empreendedores quando se trata de sofrimento mental. “O que a gente encontrou no estudo para os empreendedores é uma confirmação de que há realmente essa diferença. Existe a necessidade de novos estudos, de investigar mais profundamente, mas uma hipótese para esse momento é que de fato as mulheres acumulam mais atividade. Então talvez o ambiente para as mulheres seja um pouco mais estressante, ele tem mais pressão, ele tem mais acumulo de tarefas. Talvez seja uma jornada de trabalho mais extensa”, explica.

Já em relação à existência de diagnósticos de ansiedade ou depressão, atribuído por um profissional de saúde, ao longo da vida, 13,8% dos empreendedores respondeu que sim para depressão e 50,7% para ansiedade. Ainda segundo o estudo, os estados de São Paulo, Goiás e Distrito Federal foram os que mostraram maior frequência em sintomatologia alta, o que poderia apontar para níveis de sofrimento psicológico mais alto.

Para realização do estudo, os pesquisadores utilizaram como base o teste DASS-21 (que mede os níveis de ansiedade, estresse e depressão) e observaram que tanto os empreendedores quanto os profissionais da saúde apresentaram resultados e níveis de sofrimento mental semelhantes no período de pandemia.

A pesquisa também apresentou pontos sobre a percepção de incerteza dos donos de negócio com o cenário pandêmico. Segundo o relatório, cerca de 45,5% dos empreendedores concordam totalmente com a afirmativa de que a pandemia deixou o ambiente mais incerto para o seu negócio. Já sobre a capacidade para lidar com as incertezas, 23,7% dos empreendedores concordam totalmente que as possuem, enquanto 47,9% concordam apenas parcialmente. A pesquisadora Marina Mendonça explica que é necessário que os empreendedores busquem novos conhecimentos para o negócio durante o período de pandemia. “É importante que ele [empreendedor] entenda a necessidade de buscar ajuda, de buscar apoio, de estudar, de buscar curso, de buscar orientações e consultorias. Existem coisas acontecendo, inclusive gratuitamente, fornecido muitas vezes até mesmo pelo SEBRAE. Então ele precisa acessar a sua rede nesse momento e buscar ajuda. (...) Isso vai de fato ajudar para que ele se sinta um pouco melhor do ponto de vista psicológico e do ponto de vista de saúde mental”, explica Marina Mendonça.



Infográfico: Monique Soares


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