segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Unisa promove I Encontro Virtual de Extensão Universitária

 

Para apresentar a importância da Extensão e os projetos sociais realizados por alunos e professores, universidade realiza evento online para os estudantes


Por Monique Soares,

A Universidade Santo Amaro (UNISA) realizou, nos dias 23 e 24 de setembro, o I Encontro Virtual de Extensão Universitária para apresentar os projetos sociais desenvolvidos pela instituição. O evento, que foi realizado pela primeira vez online, contou com a participação dos alunos de diversos cursos e também dos professores que fazem parte da equipe de coordenação dos programas de Extensão.

A Extensão Universitária da Unisa tem por objetivo promover ações sociais que possibilitam aproximar alunos e professores da comunidade na qual estão inseridos. Desse modo, a instituição busca oferecer programas e projetos que estejam envolvidos com diversas áreas do conhecimento, como Ações de Saúde e Cidadania, Feiras de Profissões, Projetos Educacionais, parcerias com ONGs e entre outros. “Extensão Universitária não é simplesmente fazer o contato com a comunidade e idealizar algumas ações sociais. É algo muito mais profundo e inter-relacionar. Primeiro, há uma indissociabilidade importante entre ensino, pesquisa e extensão, que são os pilares da Universidade. É em torno desses três pilares que tudo acontece”, explicou o professor Dr. Celso Martins Pinto, coordenador de Extensão da Unisa, na abertura do encontro. “É criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais. Em vez de dar o peixe e ensinar a pescar, na Extensão nós sentamos do lado e pescamos juntos (...). É uma troca de conhecimento importante”, afirmou.

No evento online, foi apresentado as oportunidades oferecidas pela Extensão Universitária aos estudantes, como a possibilidade de colocar em prática o conteúdo adquirido em sala de aula. “A Extensão nada mais é do que levar todo este conhecimento que acontece dentro da Universidade fora dos seus muros. É atender a população, dar uma informação mais precisa (...). Seria egoísta da nossa parte deixar tudo guardado com a gente [Universidade] o conhecimento dos professores, aprendizagem dos alunos e não levar isso para a população”, afirmou a professora-mestre Lis Lakeis Bertan, também responsável pela coordenação de Extensão da Unisa.

Além de salientar a importância da atuação dos alunos na elaboração de projetos de Extensão, a coordenadora Lis Lakeis também abordou durante o encontro sobre a contribuição das ações sociais para o fomento de novas pesquisas. “A Extensão só existe se tiver professores, alunos e comunidade. Ai é uma Extensão perfeita. E de preferência também que esses projetos de Extensão possam futuramente virar projeto de pesquisa. Eu vou ter os dados ali: qual foi o impacto com aquela ação de Extensão naquela comunidade? Isso gera pesquisa”, afirmou.


Universidade Santo Amaro (UNISA) realiza o I Encontro Virtual de Extensão Universitária pela plataforma Teams. 

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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), suicídios superam o número de vítimas da Aids pelo mundo. No Brasil, é registrado um caso a cada 45 minutos.


Indíce de suicídio registrados no Brasil. Infográfico por Livia Alves

Por: Livia Alves


Durante o mês do setembro, o tema “saúde mental” torna-se prioridade. Neste período, diversas instituições, inclusive as de ensino, trabalham para incentivar o público na busca por ajuda profissional, como auxílio na luta contra a depressão e outros transtornos psicológicos. Este período ficou conhecido como “Setembro Amarelo”.   

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Em 2013, o Brasil se encontrava em oitavo lugar dentre os países com maior número de casos. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de mortes entre jovens com idade de 15 a 29 anos, perdendo apenas para acidentes de trânsito.

De acordo com o site Comunica Que Muda (CQM), a cada 40 segundos, um suicídio acontece no mundo, e para cada caso, pelo menos 20 tentativas. Já no Brasil, 32 pessoas tiram a própria vida por dia. Segundo o Mapa de Violência, entre 2002 e 2012, o total de suicídios passou de 7.726 para 10.321, um aumento de 33,6%. Em 2016 (último ano do qual havia dados disponíveis) só no Brasil, foram registradas mais de 13 mil mortes decorrentes de suicídio.  

Como forma de combater o aumento de casos, diversas instituições trazem oficinas e palestras durante o mês de setembro como forma de incentivar a busca por lidar com suas questões psicológicas de forma saudável. Entre essas instituições, a Universidade Santo Amaro (UNISA) disponibilizará palestras online sobre temas voltados para saúde mental na vida universitária, durante todo o mês.

De acordo com a coordenadora de extensão da UNISA, Lis Laikeis Bertan, a universidade tem um papel crucial na disseminação da informação, e fala como esses eventos podem ajudar os alunos. “Ajudam com a orientação e informação para que os jovens e adultos possam se conscientizar dos perigos da ansiedade, da depressão e do suicídio. É importante que as pessoas entendam que é uma doença e que existem tratamento”, afirma Lis.

Segundo a psicóloga Letícia de Carvalho Guimarães, o setembro amarelo não é o protagonista da prevenção à depressão aos jovens, mas um movimento de conscientização “É uma mobilização plural que ajuda a família, a escola e a sociedade em como devemos valorizar conceitos esquecidos como empatia, a escuta e a atenção para os indivíduos, que estão passando pela depressão, e os que necessitam de gatilhos positivos pela preservação da vida”, afirma a psicóloga, que complementa falando sobre o que poderia ajudar nessa luta: “seria na conscientização dos jovens que estão passando pela depressão para entenderem que não estão sozinhos”.

A estudante Gabriela Cleim conta como a orientação de sua professora a ajudou e incentivou a buscar apoio psicológico quando tinha 17 anos de idade, época em que não conseguia sentir motivação para viver. “Passei por experiências novas e percebi que eu estava bastante mal. Eu pensava que era mais fácil eu não existir, que ninguém gostava de mim, que ninguém iria se importar se eu deixasse de existir. Eu só queira ficar dormindo, eu não tinha nenhuma perspectiva boa sobre minha vida. Ter criado coragem para aceitar que eu tinha um problema e precisava de ajuda foi o início de tudo, me ajudou demais”, afirma Cleim. E completa: “continuo a me descobrir e a me desenvolver e isso tudo foi graças a uma professora que eu tive, ela foi a pessoa que me ajudou e me incentivou a evoluir em todos os sentidos”.

O estudante de direito Otávio Otto dos Santos conta que seu primeiro contato com psicólogos foi no primário, aos 8 anos de idade. As consultas duraram por cerca de um ano, e depois aos 18 anos voltou a se consultar por conta própria. Otto observa que existe uma falta de atenção por parte das instituições de ensino, quando se trata da saúde mental dos alunos, “Nesse intervalo (entre os 8 e 18 anos), não houve intervenção da escola. A impressão que tenho é que vão parando de dar importância a esse tipo de problema conforme você cresce”, afirma o estudante.

Atualmente, Otto se consulta periodicamente, o que o ajudou a lidar com um acidente que o deixou paraplégico aos 29 anos. “Você tem que resinificar sua vida inteira, tem pessoas que lidam com isso bem, mas não é todo mundo que consegue fazer isso (...), passam a te olhar diferente. Estou em processo de recuperação há 3 anos, e eu já pensei em acabar com tudo várias vezes. É um processo, não é uma coisa instantânea que você vai falar uma vez (com o psicólogo) e vai resolver seus problemas, é algo trabalhoso. E comigo foi importante porque me faz repensar a minha condição, me ajuda a encontrar soluções, a lidar com a dor, com a perda e principalmente com a raiva, porque você fica muito revoltado, muito infeliz com a situação”, afirma.

Apesar do incentivo, saúde mental ainda é considerado um tabu dentro da sociedade, visto por muitos como desnecessário. Segundo pesquisa da Secretaria de Saúde do governo do Estado do Paraná, a maioria das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental”, pensa em “Doença Mental”, o que causa um estranhamento quanto à busca por apoio psicológico, e muitas vezes, as pessoas que sofrem com o transtorno não sabem que precisam de ajuda.

A psicóloga Letícia de Carvalho fala sobre os sintomas da depressão. “Quando o indivíduo oferece sinais como: isolamento, tristeza prolongada, apatia, falta de apetite, queixas como “quero ir embora desse mundo, não sirvo para nada, não sou aceito”, dentre outros aspectos de mudança de comportamento”, afirma a psicóloga. Letícia também comenta que transtornos psicológicos nem sempre são visíveis para outras pessoas. “Muitos indivíduos, que têm depressão, vivem em um lugar comum na sociedade, saem, namoram, vão para festas, mas quando há um pico depressivo, é onde o perigo está. E muitos gatilhos negativos como traumas, bullyings e maus tratos podem levar a tentativa do suicídio”, diz.

Existem diversas instituições que se colocam em apoio a luta contra a depressão. Instituições de saúde como o Sistema Único de Saúde (SUS). Oferecem apoio psicológico gratuito. Em caso de emergência, o telefone 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento profissional 24h por dia, podendo ser acessado também pela internet.  


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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Ambiente de trabalho negativo causa a depressão

 

Excesso de tarefas, rotinas exaustivas, pressões para o cumprimento de metas e grandes cobranças por melhoras de desempenho podem contribuir para o aparecimento da doença

 

Por Monique Soares,

Dentre as doenças de transtorno mental que podem provocar situações de afastamento no trabalho, está a depressão. Segundo os especialistas da saúde, essa é uma enfermidade que afeta diretamente no desempenho dos profissionais no ambiente corporativo e também na gestão das empresas. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a doença mais incapacitante para o trabalho no mundo em 2020. No Brasil, cerca de 5,8% da população sofre com o transtorno, o que corresponde a 12 milhões de brasileiros com depressão. Essa é a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

A depressão pode ser motivada por diferentes fatores, sejam eles genéticos, biológicos, psicológicos, externos ou sociais. No caso do ambiente de trabalho, este pode contribuir para o desenvolvimento da doença, especialmente quando se trata de climas organizacionais de grande pressão para o atingimento de metas, bem como de competitividade e de má gerência. “A gente sabe que a produtividade, a capacidade de criatividade e a motivação maior estão ligados a um ambiente de apoio e de compreensão, mas as empresas acabam tendo uma postura de muita pressão para o cumprimento de metas. Isso acaba sendo um aspecto bastante negativo, principalmente para quem já tem a vulnerabilidade genética para depressão”, explica o médico psiquiatra Guilherme Lozi Abdo, diretor clínico da Clínica Modulare.

As pessoas com depressão costumam apresentar alguns sintomas característicos, como a falta de motivação, o desânimo e a tristeza crônica. Segundo o psiquiatra, a doença pode fazer com que o funcionário diminua o ritmo da produtividade e tenha mudanças de comportamento no local de trabalho. “A pessoa tende a ter uma produtividade mais baixa, uma dificuldade maior de lidar com os companheiros de trabalho. Às vezes tende a ter um isolamento, um comportamento até mais irritado, mais impaciente, mais intolerante. Atrasos. Às vezes a pessoa acaba não tendo a capacidade mais para cumprir os próprios prazos. Atrasos tanto na entrega do que precisa ser feito quanto para cumprir sua carga horária na empresa”, detalha. “Ainda existe um certo preconceito, por mais que as pessoas falem sobre isso. Ainda, infelizmente, as pessoas fazem uma associação da depressão com a fraqueza, que a pessoa não está lidando com as próprias questões e pressões. Não é todo mundo que enxerga a depressão como um transtorno mental grave, uma doença grave”, afirma.

Para a psicóloga clínica e professora da Faculdade Faatesp, Vera Mendes, é de extrema necessidade que as empresas e os gestores estejam atentos aos sinais de depressão no ambiente corporativo. “Estar atento a esse meio é extremamente importante. Ter alguém nessa empresa que consiga ir lá e perguntar: ‘Oi, bom dia, como está se sentindo?’. Isso normalmente é um papel da qualidade, um papel do RH, um papel da CIPA, que tem esse olhar para o funcionário – ‘Como é que você está? Como está sendo a pandemia para você? O que está mudando na sua vida?’. Esse seria o ideal, mas nós sabemos que numa empresa grande isso acaba sendo quase que inviável”, afirma.

Diante da pandemia gerada pela Covid-19, milhares de brasileiros tiveram que aderir ao sistema de trabalho em casa, o que tornou o contato entre funcionário e empresa à distância. Com o estresse do confinamento e impactos na saúde mental das pessoas, o psiquiatra Guilherme Lozi diz que o mais apropriado no atual momento é que as organizações adotem medidas de prevenção da depressão. “A pandemia nada mais é que mais um aspecto expressor externo que contribui para que a gente tenha um aumento da incidência dos casos de depressão (...) As empresas nesse sentido poderiam até, acho que uma questão interessante, fazer um trabalho preventivo para que as pessoas não adoeçam numa frequência um pouco maior do que a gente normalmente já vê”, aponta.

Ainda em relação ao ambiente de trabalho, a psicóloga Vera Mendes salienta que as empresas precisam estabelecer uma estrutura de apoio ao funcionário diagnosticado com o transtorno. “A partir do momento que as pessoas percebem que tem alguém com depressão, é preciso encaminhá-la para uma avaliação psiquiátrica ou psicológica. Oferecer apoio, conservar – ‘Olha, estou aqui. Se você precisar, eu posso te ajudar’. A empresa ou os funcionários têm que ter esse olhar de apoio, de encaminhamento, de conversa, deixar a porta para essa pessoa quando ela quiser conversar. Orientar essa pessoa. Por isso que o RH é importante, porque ele pode desenvolver palestras, dinâmicas, espaços de terapia de grupo dentro da empresa para falar um pouco sobre isso”, afirma.

Já para evitar o assédio moral dentro das organizações que pode desencadear a depressão, o psiquiatra sugere que as empresas invistam em canais de comunicação para que as pessoas consigam denunciar esse tipo de acontecimento. “As empresas que estão buscando um cuidado maior devem facilitar um canal de comunicação para que os funcionários possam falar sobre o ambiente de trabalho em si. Uma vez que eles conseguem eventualmente denunciar comportamentos abusivos em relação às superiores, aos seus chefes, aos seus gestores, isso pode ser interessante para que a empresa fique atenta e consiga modificar o ambiente de trabalho para um local com mais postura de compreensão e positividade”, explica.

Nas organizações há também a implantação da gestão humanizada, que proporciona aos funcionários um ambiente de qualidade, mesmo com metas a serem cumpridas no dia a dia. Além de poder garantir a saúde mental dos colaboradores e prevenir a depressão, a psicóloga Vera Mendes explica que essa gestão contribui tanto para o lucro da empresa como também para o crescimento. “A gestão humanizada ela traz uma satisfação do funcionário na atividade a ser executada. Ela se preocupa com a pessoa e não só com a produção (...) A partir do momento que esse funcionário ele está satisfeito, ele se sente aceito, ele percebe que a empresa está investindo no bem estar dele, a empresa só tem a ganhar. Com o funcionário satisfeito, a empresa consegue lucrar e, juntos, obter crescimento”, afirma.




Infográfico: Monique Soares


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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Pandemia atinge a educação

 Com a suspensão das aulas presencias, escolas precisaram se adaptar ao ensino à distância

 

Por Monique Soares,

Diversos setores foram afetados pela pandemia da Covid-19, inclusive a educação. Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelecer medidas de distanciamento social para reduzir a propagação do novo vírus (Sars-CoV-2), escolas tiveram que transformar as aulas presenciais em remotas. Segundo os dados da Unicef Brasil, cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes precisaram deixar o ambiente escolar devido ao atual cenário mundial; dos que estavam matriculados antes da pandemia, 4 milhões não conseguiram dar prosseguimento as atividades escolares em casa.

Apesar das aulas online se tornarem a principal alternativa de estudo por conta do fechamento das escolas, o período de pandemia escancarou a desigualdade digital presente no país. Os dados da pesquisa feita pelo TIC Kids Brasil (2019), divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, apontou que 4,8 milhões de crianças e adolescentes não possuem acesso à internet. Além disso, outra pesquisa realizada pelo TIC Educação Brasil (2019) revelou que 39% dos estudantes de ensino público não contam com um computador ou tablet na residência. Dessa forma, milhares de alunos foram prejudicados por não terem condições de fazer o acompanhamento das aulas virtuais.

De acordo com a coordenadora da área de educação do Instituto Alana, Raquel Franzim, o longo período de afastamento do ambiente escolar pode ocasionar em impactos negativos para as crianças. “Referências internacionais mostram que quanto maior o tempo afastado da escola, mais prejuízo isso traz para crianças e adolescentes, especialmente o risco de abandono escolar e evasão”, aborda. Ainda segundo a coordenadora, o distanciamento social causado pela pandemia do novo coronavírus prejudicou nos processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, em especial as que se encontram em situações de maior desigualdade social e educativa. “Essas crianças, elas costumam ser as crianças moradoras de regiões mais periféricas, crianças e adolescentes negros, crianças que já vivem situações de bastante fragilidade econômica e social. Portanto, ausência da escola, ausência prolongada que já vivemos em cinco meses, ela acarreta sim um impacto nas bases dessas crianças”, explica.

Além dos estudantes, professores também tiveram de enfrentar desafios com o ensino à distância. Segundo Cláudio Marta de Carvalho, professor de história na Escola Estadual Gertrudes Eder, na cidade de Itapecerica da Serra (SP), nem todos os profissionais da educação apresentam uma formação tecnológica, o que foi considerado um dos principais obstáculos para continuar as aulas online. “Muitos professores não tem esse acesso, não tem essa estrutura e também não tem essa competência tecnológica. Muitos professores, inclusive, que já são idosos, não tem como estar usando um aparelho de smartphone para poder estar mandando conteúdo para os alunos ou estar fazendo esse acompanhamento”, conta. Outra dificuldade apontada pelo professor em relação às aulas remotas foi também a questão da pouca interação com os alunos. “Em sala, mesmo que eles não fizessem a atividade, você conseguia alcançar a sala em 100%. Com essas ferramentas de tecnologia, você não alcança nem 20% desses alunos. Essa acaba sendo uma das maiores dificuldades”, detalha.

Uma pesquisa do Datafolha referente aos estudos em casa de alunos das redes pública municipal e estadual no Brasil, mostrou que a desmotivação dos estudantes passou de 46% em maio para 51% em julho. Perguntada sobre quais alternativas podem ser consideradas para enfrentar tal problema, a coordenadora Raquel Franzim explicou que o ideal é que os sistemas educacionais selecionem as atividades mais importantes para serem realizadas no momento de confinamento domiciliar.  “É importante que as secretarias municipais e estaduais de educação e as escolas considerem quais são as atividades mais essenciais ou mais significativas para ocorrer nesse período de isolamento social”, explica. Já para evitar casos de abandono e de evasão escolar, Raquel considera que secretarias de educação e também as escolas precisarão desenvolver estratégias de busca ativa para poder identificar os alunos que são mais vulneráveis em abandonar a escola. “(Essa) busca ativa é um mecanismo de identificação de crianças e adolescentes que podem dar pistas ou dar sinais de possível abandono escolar (...) Neste momento, durante a pandemia, as escolas já podem ir também identificar famílias que tem maior vulnerabilidade social em que os estudantes corram um risco maior de ingressar ou em atividades domésticas para auxiliar os pais ou em atividades de trabalho fora de casa para apoio à família”, detalha. 

O professor Cláudio Marta complementa ao dizer que é preciso um trabalho conjunto da comunidade escolar para haver uma recuperação eficaz dos alunos em um cenário de retorno às aulas e também para evitar a evasão escolar. “Nós temos que pensar lá na frente: como é que vamos resgatar esse aluno ou esse adolescente para que ele não fique não só desmotivado, mas que de fato ele não se mantenha nesse processo de evasão? É todo aquele processo de acolhimento emocional, de orientação dos estudos e de atividades que sejam mais culturais e mais lúdicas, trazer o aluno para ser pertencente à escola. E esse é um trabalho que tem que ser feito por toda a comunidade escolar, como professores, inspetores, profissionais da secretaria e também os pais”, explica.



Infográfico: Monique Soares

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