quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Diminuição nos testes de Covid preocupa especialistas

Segundo dados do Ministério da Saúde, testes para o novo coronavírus sofreram uma queda pelo segundo mês consecutivo


Livia Alves

O teste do tipo RT-PCR tem como objetivo identificar pacientes com infecção recente, de modo que facilite rastrear e iniciar as medidas necessárias como o isolamento do paciente para tratar da doença. E para iniciar o isolamento de pessoas que entraram em contato com a pessoa infectada, limitando assim a propagação da doença.


Essa diminuição, registrada em outubro deste ano, tem preocupado especialistas que afirmam que o País se encontra em momento delicado em que os testes deveriam ser aumentados, levando em consideração a descoberta de que o vírus se espalha pelo contato nos primeiros dias de sintomas.

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, a diminuição dos testes atrapalha a busca por soluções adequadas para controlar o contágio, “Com a quantidade de teste diminuindo, não podemos fazer um controle epidemiológico adequado, ou seja, não conseguimos ter um controle real dos casos ativos e traçar estratégias para o controle da pandemia.”, afirma Janckowiski.

O biomédico Henrique Trindade observa outro fator de risco quanto a redução de testes tipo RT-PCR: as pessoas assintomáticas. “O vírus possui uma considerável taxa de casos assintomáticos, ou seja, há a presença de vírus no corpo, porém não há presença de sintomas clínicos aparentes. Ainda assim, essa pessoa pode transmitir ele (o vírus) através dos fluídos. (...) O método RT-PCR é um teste molecular que usa desses dados para identificar o RNA (Ácido Ribonucleico) do vírus nas células do indivíduo através da coleta de SWAB (aquele cotonete que usam pra fazer coleta no fundo do nariz) da região nasofaringe, ou seja, onde o vírus costuma estar presente em maior quantidade em nós humanos.”, comenta Trindade.

Apesar de poderem usar dos sintomas para rastrear o contágio, o teste facilita o processo e diminui a margem de erro. Segundo o Biólogo Vinicius Rodrigues de Lima, a cidade de São Paulo tem se tornado um alvo de preocupação, “São Paulo não apenas é a maior e mais populosa cidade do país, como também é o principal epicentro. As medidas tomadas no início da pandemia não evitaram o montante de dezenas de milhares de mortos pela Covid, quase 50 mil nesse momento, mas evitaram o colapso do sistema de saúde no Estado, e isso com toda certeza evitou um número muito maior de mortos até agora. O problema é que com uma doença tão rápida, os cientistas e profissionais da saúde precisam ser tão rápidos quanto para o combate eficiente. (...) Na prática, a falta desses dados enfraquece todo o estudo estatístico em cima de como a cidade está reagindo a infecção, quais os caminhos que o poder público deve tomar para frear a contaminação, o que fecha e o que abre, como abre, quais medidas tomamos”, afirma Lima. 



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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Queda nas vacinas pode trazer riscos à população

 Além da poliomielite e do sarampo, outras doenças podem ressurgir por conta da baixa cobertura vacinal


Por Monique Soares,

No Brasil, vem se observando uma constante queda nas coberturas vacinais nos últimos cinco anos, o que tem preocupado autoridades em saúde. Segundo especialistas, a baixa adesão às vacinas pode contribuir para o reaparecimento de doenças que até então estavam erradicadas ou controladas, entre elas o sarampo e a poliomielite.

Em 2016, o Brasil obteve pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) a certificação de país livre do sarampo. No entanto, em março de 2019, perdeu o certificado após registrar surtos em três estados brasileiros. Já em relação à poliomielite, o último caso registrado foi em 1989, mas especialistas temem o retorno da doença. “Nós tínhamos praticamente erradicado a poliomielite. (...) Agora, nós estamos fazendo a vigilância novamente, porque caiu a quantidade de crianças imunizadas”, explica a médica pediatra e diretora do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA), Jane de Eston Armond.

Dados preliminares das Secretarias Estaduais de Saúde revelam que 6,3 milhões de crianças não receberam a vacina contra a paralisia infantil neste ano, ficando abaixo da meta de imunizar 11,2 milhões do público-alvo (crianças de 1 a 5 anos de idade incompletos). Já o sarampo, apenas 13% do público-alvo (população de 20 a 49 anos) foi vacinado contra a doença em 2020. Além disso, até setembro deste ano, foram registrados 7.118 casos e cinco mortes por sarampo no Brasil, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.

O PNI também informou, em outubro deste ano, que o país não bateu meta para nenhuma vacina em 2019. De acordo com a médica infectologista, Erika Ferrari, existe alguns fatores que podem explicar a queda contínua nas coberturas vacinais. “É um conjunto de fatores: a presença de um movimento anti-vacina crescente em todo o mundo, a disseminação de fake news, medo de reações adversas, a sensação de segurança no que diz respeito a eliminação de doenças - baixa percepção de risco da população sobre enfermidades erradicadas - e as dificuldades no acesso aos imunizantes nos postos de saúde”, afirma. A infectologista também acrescenta que a pandemia do novo coronavírus contribuiu ainda mais para intensificar a queda de taxas de imunização no Brasil. “Com o isolamento social e o medo de comparecer aos serviços de saúde na pandemia, a cobertura vacinal em 2020 está muito mais abaixo da meta, com algumas vacinas do calendário básico do Programa Nacional de Imunizações não atingindo metade do público-alvo”, explica.  

Sobre o fato das crianças estarem em casa na pandemia, o que pode promover uma proteção mesmo sem vacina, Ferrari diz que as chances de contrair a doença ainda existem. “Isso pode gerar uma falsa sensação de proteção, pois os pais saem de casa e caso não tenham sido vacinados, podem levar a doença para os filhos. Por exemplo, o público-alvo para vacinação contra o sarampo são pessoas adultas com idade entre 20 e 49 anos”, explica. “Uma pessoa com sarampo chega a infectar até 18 pessoas, dai a necessidade de vacinação em massa, pois o sarampo é altamente contagioso e pode evoluir de forma grave”, alerta.

Além do sarampo e da pólio, a infectologista também afirma que a baixa cobertura vacinal pode fazer com que outras doenças ressurjam. “A rubéola está incluída nas doenças com risco eminente de ressurgimento caso o número de vacinação continue a diminuir, já que a vacina contra o sarampo está incluída na chamada tríplice viral, que engloba além do sarampo, a caxumba e a rubéola”, explica. “O maior risco para a rubéola ocorre com as mulheres grávidas, já que o vírus pode ser transmitido para o feto causando complicações como surdez, malformações cardíacas e lesões oculares”, alerta.

Para que a população volte a ter consciência sobre importância da imunização, a pediatra Jane de Eston diz que o Estado deveria investir mais em educação em saúde. “A coisa mais importante que nós temos para evitar o adoecimento é a educação em saúde. E a educação em saúde você faz através de campanhas, de publicações, da mídia que pode soltar vários alertas, vários informes e vários esclarecimentos”, explica. “É muito mais barato educar do que combater as doenças depois”, afirma.

Ainda segundo a pediatra, as vacinas são importantes para o bem de toda a população. “Se eu me contaminar, eu posso contaminar o próximo. É uma questão de cidadania você preservar a sua saúde e preservar a saúde do próximo. (...) A vacina é uma das coisas mais importantes para que você possa garantir que não tenha uma série de doenças”, afirma.


Infográfico: Monique Soares

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Governador de São Paulo anuncia recuo na quarentena

 João Dória (PSDB) anunciou nesta segunda (30) o recuo da fase verde para a fase amarela do Plano São Paulo


Por: Livia Alves

Um dia após o segundo turno das eleições municipais vencidas por Bruno Covas (PSDB), o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou em coletiva o recuo na fase de bandeiras do Plano São Paulo em todas as regiões do estado.

A cidade que estava na fase verde do isolamento, agora, retorna a fase amarela. Segundo o governador, a fase amarela não fechará comércios, porém, o funcionamento ficará limitado a 40%, podendo ficar aberto dez horas por dia.

O Plano São Paulo, que é divido em 5 bandeiras, retorna da quarta para a terceira fase. As diferenças entre a fase amarela (3ª) e a fase verde (4ª) são a redução do tempo de atendimento comercial, que vai de 40% para 60%, com a diminuição na flexibilização.

A mudança das bandeiras não afeta o cronograma de volta às aulas, o Estado mantém as salas de aula com 35% da quantidade de alunos com exceção da capital paulista que só permitirá 20% de ocupação. Para academias, o funcionamento ficará restrito à 30% da capacidade do espaço, podendo estar aberta por 6h diárias com aulas individuais.

Durante a coletiva, Dória faz um apelo e pede paciência para a população e conscientização dos jovens, “A você que está na sua casa nos assistindo nesse momento, nos ajude. Até a chegada da vacina e a imunização dos brasileiros precisamos ter cautela, paciência, resiliência e compreensão, e muita orientação principalmente aos mais jovens para que, por favor, evitem aglomerações, por favor, usem máscaras, por favor, lavem as suas mãos e compreendam que a Covid-19 não foi embora, o vírus ainda está presente, e o vírus mata.”, alerta o Governador.

Apesar da fala de Dória em coletiva afirmar que a cidade tem se prevenido desde março com o Plano São Paulo, o biomédico Henrique Trindade afirma que a capital, em nenhuma fase das bandeiras, teve um isolamento adequado, “São Paulo não parou como outros países em nenhum momento. Na Alemanha, se você saísse de casa sem motivo recebia uma multa de 5 mil euros. Nossa quarentena deveria ter durado 15 dias, de forma rígida e ponto. Não esse vai e vem de hoje (...) Nossa dívida interna já está em mais de 90% do PIB e o pessoal hoje pensa em saúde com o pé na economia.”, comenta.

O Biólogo Vinicius Rodrigues de Lima comenta o receio de uma piora no cenário nacional. “Estamos em uma tendência de aumento no contágio que se perder o controle vira uma segunda onda pior que a primeira.”, diz.

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, a reabertura dificultou a situação, “O sistema aparenta uma espécie de colapso. Voltamos a abrir UTI que haviam sido fechadas. Meu complexo hospitalar conta com 89 leitos dos quais cerca de 65 já foram ocupados. Tenho paciente que mente sobre não ter contato com a covid para fazer cirurgia e isso põe em risco a vida deles e dos outros.”, lamenta.

Ao final da coletiva, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), afirma que a próxima classificação do plano São Paulo será realizada no dia 4 de Janeiro de 2021.

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