Mesmo com
constantes crises na saúde, saneamento básico permanece fora da lista de
prioridades dos órgãos públicos
Por:
Livia Alves
Quase metade da população
brasileira não tem coleta de esgoto, afirma o Instituto Trata Brasil. E essa
ausência dificulta a prevenção dos brasileiros contra doenças.
Em abril de 2009, o vírus
Influenza H1N1 contabilizou 493 mil casos confirmados e 18,6 mil mortes de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Tudo isso durante 16 meses de
epidemia.
Nesse período, as instruções
da lavagem correta das mãos e cuidados foram semelhantes aos da recente crise
do coronavírus. O risco de contágio, sem a higienização correta, é bem maior.
De acordo com uma publicação
de 2012 do Ministério da Saúde, o simples ato de lavar as mãos corretamente
ajudaria o Brasil a economizar anualmente US$ 12 bilhões, que é o valor gasto com doenças causadas por
vírus e bactérias. Esse custo alto vem de uma série de fatores anteriores,
entre eles a falta de saneamento básico. Só no Estado de São Paulo, em 2019,
cerca de 4,6 milhões de pessoas não tinham acesso ao sistema de esgoto, afirma
o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Mas
como as pessoas vão lavar as mãos se não tem onde lavar? pesquisa do SNIS, em
2017, diz que apenas 46% dos esgotos tratado. Além disso, aproximadamente 35
milhões de brasileiros não tinham acesso a água tratada, o que limita a
possibilidade de higienização constante.
Em
pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil, em 2019, o Estado de São Paulo,
um dos maiores polos econômicos do país, tem 5 das cidades com o melhor
tratamento de água e esgoto entre as 100 maiores do Brasil, em contrapartida, a
região metropolitana se destaca negativamente entre as últimas no ranking.
Guarulhos, segunda maior cidade do estado, trata apenas 4% do esgoto enquanto
despeja os outros 96% no Rio Tietê. No mesmo ano dos dados divulgados pelo
instituto, o orçamento do Governo Federal previu queda de 21% nos gastos em
saneamento para o ano de 2020.
As
famílias, que não têm acesso a água tratada, mesmo respeitando o isolamento
social preventivo contra a contaminação do Covid-19, estão vulneráveis a
contaminação por outros agentes infecciosos.