quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Câncer de Mama atinge população masculina

 

Apesar de raro, Instituto Nacional de Câncer afirma que homens também correm risco de contrair a doença


Por Livia Alves

O câncer de mama é uma doença que atinge em sua maioria mulheres. Porém, apesar de raro, pode ser tão fatal para homens quanto para mulheres.

A doença em homens é tão rara que, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), nem entra na estimativa. Segundo a pesquisa de 2018, o número de mortes por câncer de mama no Brasil foram de 17.763, sendo 17.572 em mulheres e 189 em homens. O INCA também coloca como possíveis fatores de risco, os genéticos e hereditário, reforçando a importância do conhecimento de risco sobre o câncer e a necessidade do exame de toque independente do gênero.

A auxiliar de enfermagem Larissa Calouro Pachioni explica o que é o que pode causar a doença “O câncer de mama é um tumor maligno que tem uma taxa de grande crescimento e que pode se espalhar facilmente para outros órgãos e regiões do corpo. No caso masculino, o diagnóstico é feito com base no histórico familiar, nos exames de imagem, sangue, exames físicos e biópsias. Como o homem possui menos tecido mamário, é mais fácil observar e sentir as pequenas massas” afirma Larissa.

A auxiliar de enfermagem explica que os pacientes submetidos à mastectomia não são imunes ao risco. “Mesmo após a retirada total das mamas existe a chance de desenvolver (o câncer de mama) e se já tiver casos confirmados na família, a predisposição é de 10%.” diz. 

De acordo com o enfermeiro Patrick Zipperer Janckowski, os dados podem ser contaminados pela falta de conhecimento do risco entre os homens “Os homens tem pouco conhecimento sobre a doença, e isto está ligado principalmente a forma como a sociedade molda o indivíduo, pois desde criança aprendemos que câncer de mama é coisa de mulher, homem não deve se preocupar com a saúde. Porém, não é esse o caso, pois ambos os sexos possuem tecido mamário, porém em diferentes quantidades”, explica o enfermeiro.

Patrick também fala sobre os sintomas da doença e reforça a necessidade de buscar auxílio médico, “O que não pode acontecer é a pessoa perceber e demorar para ir ao médico. Qualquer alteração percebida deve ser comunicada ao médico para melhor investigação”, complementa Janckowski.




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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Mulheres prolongam mamografia na pandemia

Devido ao cenário pandêmico, mulheres deixaram de realizar exames preventivos para não recorrer às unidades de saúde, o que não é indicado pelos especialistas

 

Monique Soares,

Todos os anos a campanha Outubro Rosa tem por objetivo reforçar a importância do autoexame e da prevenção contra o câncer de mama. No entanto, um fator tem chamado à atenção: a diminuição do diagnóstico da doença. Segundo um levantamento feito pela Fundação do Câncer, com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), houve uma queda de 84% nas mamografias realizadas no Brasil durante a pandemia da Covid-19.

O número de mamografias feitas até julho de 2020 foi de 1,1 milhão, enquanto nos mesmos períodos de 2018 e 2019 foram 2,1 milhões. De acordo com a pesquisa elaborada pelo IBOPE Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, cerca de 62% das mulheres deixaram de ir ao ginecologista ou ao mastologista devido ao atual cenário mundial. Entre as que têm 60 anos ou mais e que fazem parte do grupo de risco, a porcentagem é ainda maior: 73% disseram estar à espera do fim da pandemia para retomar as consultas médicas e fazer exames de rotina.

Apesar do contexto pandêmico, especialistas da área orientam que a rotina de prevenção deve ser mantida pelas pacientes. Segundo a médica oncologista e coordenadora da oncologia mamária e torácica do Hospital São Camilo e Instituto Emunah, Bruna Zucchetti, seguir com os exames contribuem para o diagnóstico precoce do câncer de mama, o que também pode favorecer no tratamento da doença. “Se a gente conseguir diagnosticar mais precocemente, nós conseguimos fazer uma cirurgia menor, sem a necessidade de fazer uma mastectomia, que retiraria a mama toda. E em alguns casos, quando a gente consegue diagnosticar muito cedo, nem precisa de quimioterapia, por exemplo. Então o tratamento ficaria muito mais simples, trazendo menos atrocidade e menos morbidade à paciente”, explica.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que o câncer de mama deva atingir 66.280 mulheres em 2020. É o tumor mais incidente entre as mulheres do mundo todo. Ainda de acordo o órgão, cerca de oito mil casos será em pacientes com menos de 40 anos, o que equivale a mais de 12% do total. “A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres acima dos 40 anos façam uma mamografia anualmente. Como a gente tem visto muitos casos de câncer de mama em mulher mais jovem, a gente vê isso no consultório e vê que realmente aumentou nos congressos de medicina de oncologia, se puder já fazer ultrassom seria bom porque a mulher mais jovem tem a mama mais densa, então é pior a mamografia. O ideal é fazer a mamografia junto com o ultrassom. Então se puder aos 35 anos já começar a fazer anualmente o ultrassom e a mamografia seria melhor”, explica a oncologista.

Embora o autoexame da mama seja considerado importante para o autoconhecimento do corpo e para a detecção de nódulos, a médica Bruna Zucchetti diz que ele não elimina os exames com os profissionais. “O autoexame é importante e até incentivado para que as mulheres se apalpem e se toquem para ver se teve algo que surgiu entre os exames de rotina que se faz anualmente, porque eventualmente pode surgir o que a gente chama de tumor de intervalo, que é aquele tumor que surge entre um exame e outro. Agora esse exame não tem a capacidade de excluir o exame de imagem. Então é preciso fazer os exames”, afirma.

Zucchetti afirma que o câncer de mama não tem uma causa única. Segundo a oncologista, vários fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença. “O câncer de mama tem diversos fatores. 15% dos fatores tem uma causa genética associada, que é uma mutação genética, mas os outros 85% ou 90% não tem uma causa associada”, explica. “A gente sabe de alguns fatores que aumentam as chances, que é bebida alcoólica, tabagismo, o fato das mulheres menstruarem muito cedo, não terem filho ou terem filho muito tarde. Não amamentar aumenta a chance, que a gente sabe que a amamentação é um dos fatores de proteção para o câncer de mama, e a obesidade também é um fator de risco”, detalha.

A médica oncologista reforça que é preciso a realização dos exames preventivos do câncer de mama e que os hospitais estão preparados para receber às pacientes, mesmo em época de pandemia. “É necessário fazer os exames (...). Já está seguro em fazer os exames nos hospitais. Os hospitais, pelo menos os daqui de São Paulo, criaram fluxos independentes dos pacientes com e sem a Covid-19. Então os pacientes que não tem suspeita do coronavírus e que iriam para o hospital só para fazer o exame de rotina, eles não acabam entrando em contato com os pacientes que possuem o vírus”, explica.

Para conscientizar sobre a campanha do Outubro Rosa, a Universidade Santo Amaro (UNISA) realizará palestras e ações sociais como forma de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Dentre as atividades que a Universidade promoverá, estão:

  • Decorações e informativos (panfletos) na UBS Jordanópolis, em São Paulo;
  • Palestras online que serão ministradas pelo curso de Educação Física no Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC);
  • Dicas de nutrição no Instagram Stories (@unisaoficial) e também vídeos no IGTV sobre como fazer exame em casa nas cadelas;
  • Pet Day: exames e orientações gratuitas para cadelas e gatas, que serão realizados no Hospital Veterinário da UNISA (HOVET), Rua José Portolano, 57 – Jardim das Imbuias (SP), dia 29/10 das 9h às 17h;
  • Projeto da Talita Romatti “Doe Lenço Doe Alegria” – estão sendo arrecadados lenços nos Campus I e II da instituição para serem doados ao Banco de lenços da quimioterapia do Hospital IBCC Oncologia – Campus I, Rua Prof. Enéas de Siqueira Neto, 340 – Interlagos (SP), e Campus II, Rua Isabel Schmidt, 349 - Santo Amaro (SP).  


Infográfico: Monique Soares

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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Desemprego cresce 27,6 % nos últimos 4 meses


Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, o mês de agosto teve cerca de 3 milhões de desempregados a mais que o início de maio deste ano.


Por: Livia Alves

Pesquisa divulgada no dia 23 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que, como consequência da pandemia, o mês de agosto terminou com 12,9 milhões de desempregados, quase 3 milhões a mais do que fora registrado no início do mês de maio.

Entre as regiões mais afetadas pelo desemprego, as maiores taxas foram observadas no Nordeste com 15,7%, Norte com 14,2% e no Sudeste 14,0%. As regiões que tiveram taxas inferiores foram Centro-Oeste com 12,2% e Sul com 10,0%. Segundo IBGE, a Região Sul foi a única a apresentar queda da população desempregada.  


Com a flexibilização, a busca por empregos formais e informais voltaram a crescer. De acordo com a pesquisa, agosto encerrou com 27,9 milhões trabalhadores informais. Os dados apontam que apesar do aumento, esses profissionais buscam por empregos formais e com carteira assinada.

A estudante Gabriela Dellamora Paim, que trabalha como tradutora e ilustradora freelancer, afirma ter receios pela falta de segurança da informalidade. “O trabalho informal nos faz perder benefícios importantes, desburocratiza os processos da empresa que nos contrata e coloca vários direitos (trabalhistas) do empregado em risco”, afirma.

Dellamora também comenta como o isolamento social afetou seus negócios, “As empresas deixaram de procurar pessoas do meu ramo por um tempo (no início do isolamento social), mas agora as coisas estão voltando. Ainda sim, querem pagar menos por mais por causa da crise”, diz.

A Ilustradora Gabriela Paim comenta a falta de oportunidades no mercado para pessoas sem especialização, mesmo com experiência. “Não ter currículo com faculdade tem sido uma pedra no caminho. Eu tenho um ótimo currículo como tradutora, só não tenho faculdade. Ainda assim preferem alguém que tenha especialização”, afirma.

A pesquisa aponta que mulheres de cor preta ou parda e jovens entre 14 a 29 anos tiveram um percentual maior de desemprego do que homens e pessoas brancas. Profissionais com nível superior completo ou pós graduados tiveram menores taxas.

Freelance como assistente de loja e garçonete, Deise Godoi aponta que existe preconceito entre os empregadores, e que falta oportunidade para novos trabalhadores. “É bem escasso de oportunidade. Tive problemas com relação ao “padrão”, tenho uma tatuagem chamativa, cabelo curto, sem falar que diversas empresas têm receio de contratar jovens. Acham que jovens não tem uma responsabilidade tão grande”, explica.

Deise também aponta as dificuldades de ter um trabalho que não é formalizado, “No trabalho informal, as vezes eu consigo ganhar mais, mas não é garantido todos os dias porque é muito dispensável o freelancer, é muito substituível. Dependendo do movimento eles param de contratar, sem falar que não tem fundo de garantia, PIS, décimo terceiro, a gente não tem nada disso. Tem trabalho que não tem flexibilidade de horário, eles fazem a gente cobrir um turno, dois”, afirma Godoi.  

O doutor em economia, especialista em finanças públicas e professor da Universidade Santo Amaro (UNISA), André Martins de Almeida, observa que sobretudo os jovens, inclusive os universitários, sempre estiveram entre os mais afetados pelo índice de empregabilidade. “Segundo informações do IBGE-PNAD, em 2019, o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos já era mais do que o dobro do resto da população brasileira. Isto é, a taxa de desemprego entre os jovens estava em 26,6% enquanto da população em geral estava em 12,4%. Agora, durante a pandemia, em nível mundial, com certeza a queda econômica desempregou muito os jovens”, detalha o professor.

O docente da Unisa aponta dados referente aos jovens que, mesmo empregados, também foram afetados pela pandemia, “O diretor do departamento de política de emprego da importante Organização Internacional do Trabalho (OIT), Sangheon Lee disse que “(...) a pandemia da Covid-19 tem um impacto sistêmico, profundo e desproporcional sobre os jovens”. Para Sangheon Lee, mesmo aqueles jovens que permaneceram empregados após o início da pandemia viram as suas rendas caírem por conta da redução das horas de trabalho”, diz.

O especialista comenta que não existe fórmula mágica para resolver esta situação, mas que existem alternativas para que o índice de desemprego diminua. “Mais do que criar programas o governo federal deve estabilizar a economia, isto é, entre outros fatores controlar a inflação, o déficit público e estimular o PIB. Neste ambiente de pandemia, por exemplo, o governo federal poderia estimular o PIB do país por meio de políticas fiscais expansionistas, principalmente atuando na redução da carga tributária do país”, conta.

 


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