terça-feira, 21 de junho de 2016

A publicidade de má-fé na web: a propaganda em forma de notícia



Por: Cristiane Palmeira, Raquel Reis e Talita Raquel


Ainda que o modelo de negócios do jornalismo na web esteja sendo revisto, a publicidade representa uma importante fatia de lucro dos portais de notícias. Há várias formas de serem feitas as publicidades, as mais populares são o banner ou o insistente pop-up.

Com a opção dos bloqueios de propagandas indesejadas através de extensões adwares, as empresas publicitárias viram-se obrigadas a buscarem novas alternativas, e um dos modelos escolhidos foi o de anúncio inspirados em layouts do jornalismo impresso, o chamado publieditorial, com lide e manchete, que são chamativos e atraem a atenção.

Publicidade ou jornalismo?

Para compreender melhor como funciona esse produto, uma empresa compra um espaço determinado (que já possui uma centimetragem e um valor correspondente) e faz a publicidade, a fim de conquistar mais clientes. Outro objetivo comum é segurar o leitor por mais tempo dentro do seu site, e, é nesse ponto que temos um grande problema: os anúncios que agem de má-fé e adotam a linguagem jornalística com manchetes semelhantes às notícias reais e sem cunho comercial, para atrair cliques e gerar mais rentabilidade. Abaixo é possível ver um exemplo de publicidade camuflada nesses moldes, no Portal Terra:

Site Doutíssima do portal Terra: notícias patrocinadas
crédito: Reprodução

A princípio, a prática dessa estratégia parece ser adequada ao universo online, por adicionar mais informações, mesmo que elas sejam publicitárias, vinculadas a uma instituição particular.

Porém, o descontentamento do leitor ao clicar em uma notícia, achando que será informado sobre algo relevante e se deparar com uma estratégia de marketing e publicidade, acaba gerando sua fuga instantaneamente, além de perder pouco a pouco a credibilidade do propagador como fonte de notícia.

Pode até parecer vantajoso para o anunciante os cliques desse consumidor ou até mesmo para o portal, mas essa ação pode acarretar efeito rebote, inverso na fidelização desse meio.

Por mais transparência

Debruçamos-nos, claramente, com uma questão ética, pois o pacto implícito de confiabilidade entre veículo e leitor é rompido nesse tipo de modelo ambíguo e confuso de notícia e publicidade. Apesar de pertencerem ao mesmo campo de comunicação social, os caminhos se divergem. Enquanto a publicidade usa de artifícios mercadológicos com lucro financeiro, o jornalismo tem como essência informar, com foco no interesse público.


A transparência de informação garante o prestígio dos portais de notícias. Especificar claramente o que é notícia e o que é publicidade é o primeiro passo para a correção desse tipo de prática. O leitor precisa ser o protagonista, ter a autonomia de optar, intuitivamente ou não, o que será acessado.


*Cristiane Palmeira, Raquel Reis e Talita Raquel são alunas do 7º semestre de Jornalismo da Universidade de Santo Amaro (Unisa) 



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